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    Caro Dinheiro

    Transição impressos/virtual: é preciso ler mais

    03/09/2014 03h00

    Não é novidade que a tiragem média baixa faz com que o preço dos livros seja muito mais alto no Brasil do que em outros países. O resultado disso é que a literatura virtual teve um boom, atinge marcas impressionantes e tem de arcar com consequências positivas e negativas.

    O fato é que é possível encontrar exatamente o mesmo livro vendido no Brasil pela metade do preço numa livraria qualquer das capitais europeias, o que sustenta um ciclo vicioso, que torna os preços a cada dia mais inacessíveis para quem gosta de leitura.

    Não se trata de impostos. Para entender o processo de produção, que justifica a alta, é importante dizer que, desde os anos 50, o setor é praticamente livre de impostos. Cada livraria é obrigada a arcar com o pagamento do Simples (Sistema Integrado de Imposto e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte) e dos encargos sobre a folha de pagamento dos funcionários.

    Como alternativa, o mercado literário virtual não para de se expandir e fortalecer. Para se ter uma ideia, um dos maiores projetos de catalogação e de digitalização de livros do mundo hoje possui hoje 1,3 milhão de livros disponíveis para download ou leitura virtual.

    Fora isso, a produção de conteúdos na internet permite alguns recursos interessantes aos quais, nos livros convencionais, não teríamos acesso. É o caso, por exemplo, de poder aumentar o tamanho da fonte e pesquisar palavras de significado desconhecido.

    Além disso, sites e blogs podem incentivar os leitores a passarem a produzir e colaborar com novos conteúdos literários. A internet, sem sombra de dúvida, tem viabilizado a publicação de conteúdo e a interatividade. Hoje, qualquer jovem autor desconhecido pode expor na rede a história com custo quase zero e retorno financeiro em cima de downloads.

    O lado ruim disso tudo é que a leitura digital, em tese, pode ser muito mais facilmente interrompida por recursos paralelos (como bate-papo e uso de redes sociais) do que a convencional de livros impressos.

    Mas o ponto mais negativo desta história toda talvez seja mesmo o uso indiscriminado da rede para publicações. Todos os conteúdos, seja de boa ou má qualidade, são disponibilizado facilmente, tornando mais complicada a difícil tarefa de selecionar obras.

    Uma avalanche de novas produções, livros, resenhas, contos, estão sempre surgindo e o leitor obviamente precisa ficar atento para não investir seu suado dinheiro em produtos de qualidade duvidosa que chegam aos montes à rede.

    Se até hoje, no mundo impresso, a solução para baratear custos era incentivar a leitura, hoje talvez seja preciso compartilhar opiniões e informações sobre as obras. De qualquer forma, quanto mais leitura, melhor. Mesmo mudando o contexto, só com a prática de ler, será possível não jogar dinheiro fora.

    Post em parceria com a jornalista Adriana Matiuzo

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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