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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    09/09/2014 11h00

    PANORAMA MUNDO

    Na semana passada, foi divulgado que o setor privado americano criou apenas 142 mil postos de trabalho em agosto, quebrando uma sequência de seis meses com geração acima de 200 mil vagas mensais. Esse foi o menor ganho em força de trabalho dos últimos oito meses. A divulgação dos dados de emprego americano endossou expectativas de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) não se apressará para elevar sua taxa de juros.

    Contudo, o setor de serviços nos EUA teve forte expansão em agosto, reforçando a recuperação econômica no país. Outro dado divulgado na última semana foi que o número de americanos que pediram auxílio-desemprego cresceu de 298 mil para 302 mil na semana passada. Apesar do aumento, o dado continua a indicar um mercado de trabalho fortalecido.

    Além disso, o deficit comercial americano caiu inesperadamente em julho para o menor nível desde janeiro, com um recorde de exportações devido à crescente demanda externa por automóveis e derivados de petróleo dos EUA.

    O sentimento também foi positivo nas Bolsas europeias, depois de o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, ter anunciado que o banco vai, a partir de outubro, adotar novas medidas de estímulos mais agressivas para impulsionar a economia da zona do euro.

    A adoção de tais políticas se mostrou necessária depois de a agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat, ter informado que o PIB do segundo trimestre na zona do euro ficou estagnado ante o trimestre anterior, o que mostra que a alta nos gastos dos consumidores e das exportações foi contrabalançada pelos recuos nos investimentos, nos estoques e no setor de construção civil.

    Além disso, a atividade do setor de serviços da zona do euro desacelerou em agosto e as vendas no varejo cederam 0,4% na zona do euro.

    Na Ásia, o corte nos juros do BCE e a expectativa de reformas econômicas na China impulsionaram índices. O Xangai Composto voltou a se destacar e fechou no nível mais alto desde 25 de março de 2013, avançando 0,85%, enquanto o Shenzhen Composto teve alta de 0,40%. A produção industrial chinesa teve desaceleração maior do que a estimada em agosto, juntando-se a dados mais fracos do que os antecipados em crédito, produção e investimentos, os quais sugerem que a economia está perdendo impulso.

    Esse recuo da indústria, que acompanha uma queda no mercado imobiliário, aumenta a pressão sobre o governo para que ele aumente esforços no sentido de cumprir a meta de expansão de 7,5% neste ano. Além disso, com a combinação de exportações em alta e importações em recuo, a China registrou um superavit recorde na balança em agosto, de US$ 49,8 bilhões, superando a previsão dos economistas de um resultado positivo de US$ 42 bilhões.

    No Japão, a segunda leitura do PIB do trimestre entre abril e junho veio ainda pior do que a leitura anterior. A contração foi de 7,1%, já descontada a inflação do período. Esse dado reflete o desempenho ruim do consumo doméstico e do investimento das empresas, que despencou depois que o governo promoveu um aumento no imposto sobre o consumo, em abril.

    Apesar de uma dramática desaceleração da atividade econômica, o Banco do Japão decidiu que irá manter a sua política monetária para atingir o objetivo de trocar a deflação por uma inflação de 2% no próximo ano.

    Na próxima semana serão divulgados as vendas de varejo (mensal) e o índice de preços ao produtor (mensal) nos EUA. Na Europa, serão divulgados o IPC (anual) britânico e a percepção econômica ZEW na Alemanha. Na China, serão anunciados o IPC (anual) e a produção industrial (anual).

    PANORAMA BRASIL

    No final da semana, o IBGE informou que o IPCA (índice oficial da inflação) subiu 0,25% em agosto, após alta de 0,01% em julho. Entre os preços que mais subiram estão energia elétrica residencial e passagens aéreas. Além disso, a Fundação Getulio Vargas revelou uma alta de 0,06% no IGP-DI em agosto, após ter registrado queda de 0,55% em julho devido ao aumento dos preços dos alimentos no atacado e no varejo.

    No mercado financeiro, a Bolsa brasileira encerrou em leve baixa na última sexta-feira, com estatais e bancos mostrando grande volatilidade, diante da falta de novidades no cenário eleitoral.

    O mercado doméstico mais uma vez operou descolado de Wall Street, onde as Bolsas subiram após o dado de geração de emprego nos Estados Unidos em agosto ter vindo abaixo do esperado.

    O Ibovespa fechou em baixa de 0,19%, marcado pela reação de Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais. Já o dólar encerrou a semana praticamente estável, com leve variação positiva de 0,03%.

    Na próxima semana, serão divulgados as vendas no varejo (mensal e anual) e o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br).

    Texto em parceria com Marcelo Cury, graduando em economia pela EESP-FGV, e consultor da consultoria junior de economia (CJE-FGV) em nome da área de pesquisa da empresa.

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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