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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    23/09/2014 10h56

    As bolsas de Nova York, na última semana, fecharam sem direção única, mas o índice Dow Jones encerrou em pontuação recorde, subindo 0,08%. Já o índice Nasdaq caiu 0,30%, enquanto que o S&P 500 sofreu redução de 0,05%.

    Apesar de a Escócia ter votado pela permanência no Reino Unido na quinta-feira, exercendo pressão de alta nas ações, as quedas podem estar ligadas ao discurso do presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher, dizendo que prefere que o aumento dos juros ocorra durante a primavera (no Hemisfério Norte) de 2015, isto é, no segundo trimestre do próximo ano, mudando as expectativas de investidores, que se alinhavam próximo a setembro.

    Segundo economistas da Conference Board, a economia americana continua se expandindo, mas não deve repetir o desempenho do segundo trimestre do ano, quando o PIB cresceu a uma taxa anualizada de 4,2%. Junto a isso, pesquisas mostram que os pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA recuaram acima do previsto, mostrando um bom resultado no que diz respeito à recuperação da economia, embora a construção de casas novas tenha diminuído 14,4% em agosto em relação ao mês anterior.

    Com o plano de meta do G-20 (grupo que engloba as maiores economias desenvolvidas e emergentes) em execução, para a economia crescer 2% a mais, os Estados Unidos, o Brasil e outros emergentes pediram aos europeus, especialmente à Alemanha, que tentem reativar a economia. Após o pedido, a União Europeia disse que irá preparar um pacote de 300 bilhões de euros para financiar projetos nos próximos anos.

    A Zona do Euro viveu uma semana de expectativas diante do plebiscito na Escócia referente à independência em relação ao Reino Unido, se encerrando com a permanência da união entre os dois países. Após o resultado, líderes da campanha pela separação da Escócia reconheceram que foi um triunfo para a participação política do país. O primeiro-ministro prometeu aos principais partidos no Parlamento enviar um projeto de lei em janeiro estabelecendo quais são os novos poderes que a Escócia deve receber.

    Com os acontecimentos, diminui a chance de o Reino Unido deixar a União Europeia e, além disso, tanto a Bolsa, quanto a Libra não sofreram uma queda que seria de se esperar caso a independência fosse confirmada.
    Paralelo a isso, o diretor do FMI afirmou que os países da Europa tiveram desaceleração econômica maior do que a esperada no segundo trimestre, o que deve fazer com que a expectativa de crescimento para a região seja reduzida. No mesmo momento em que a Europa está cambaleando e a recuperação dos Estados Unidos parece mais moderada que o esperado, a China vem apresentando um desempenho pior do que se esperava, deixando o mundo inseguro na busca por retornos baseado em crescimento.

    O cenário chinês segue pautado por medidas de estímulo do governo ineficientes no combate do recuo do setor imobiliário e no apoio à produção industrial em queda, que se encontra no ritmo mais lento desde 2009.
    Várias instituições financeiras disseram crer que Pequim não vai cumprir sua meta de crescimento para 2014. Segundo economistas, o governo central deve decidir nas próximas semanas se mantém as políticas atuais ou se adota medidas mais radicais para estimular o crescimento. Diante desses indicadores, a bolsa de Hong Kong fechou em baixa no meio da semana.

    Nos próximos dias serão divulgados o IPC anual e a taxa de desemprego da Zona do Euro; o relatório sobre confiança do consumidor, o PIB trimestral e a venda de casas novas nos EUA, além do PMI de manufatura da China.

    PANORAMA BRASIL

    O Ibovespa caiu 1%, na sexta (19), com investidores reagindo à pesquisa Datafolha que mostrou um fortalecimento da atual presidente Dilma Rousseff em relação a Marina Silva. Além disso, a decisão dos escoceses de continuarem fazendo parte do Reino Unido, a abertura de capital da gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba na bolsa de Nova York e as declarações do presidente do Fed de Dallas, Richard Fisher também influenciaram o mercado.

    Na semana, o índice acumulou alta de 1,51%. Apesar de perder 5,71% no mês, em 2014, a bolsa avança 12,19% e continua entre os investimentos mais rentáveis. Já o dólar cravou a 3ª semana de alta e atingiu uma máxima em 7 meses. Além das perspectivas de mudança na política monetária americana e da divulgação da pesquisa Datafolha, a ausência do BC, que até o momento não reforçou as rolagens de swap cambial, fez com que a demanda por dólares fosse altamente influenciada. Essa alta levou o dólar para uma máxima desde fevereiro.

    Com relação às expectativas do mercado, na semana passada analistas afirmaram que um aumento na taxa Selic é esperado apenas para setembro de 2015. Já para o terceiro trimestre de 2014, espera-se um valor de PIB próximo a zero.

    As notícias também não foram positivas para o mercado de trabalho, que registrou um aumento do desemprego pela primeira vez em cinco anos. Isso reflete os sinais de uma economia mais fraca e está de acordo com os baixos resultados trimestrais que o PIB brasileiro vem alcançando.

    É possível identificar o baixo crescimento brasileiro também no setor industrial, que além da queda acentuada da produção industrial em agosto (na comparação com o mês anterior), registrou o maior nível de estoque da indústria desde junho de 2012. Junto a isso, a projeção de vendas no varejo no ano foi reduzida pelo sétimo mês consecutivo.

    Nos próximos dias serão divulgados o IPC-S, o IPC-Fipe e a taxa de desemprego.


    Post em parceria com João Pedro Freire Martins de Lima, graduando em Administração de Empresas pela EAESP-FGV e consultor da CJE-FGV.

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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