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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    21/10/2014 10h09

    PANORAMA MUNDO

    Nos Estados Unidos, a última semana foi de alta para a Bolsa graças ao otimismo em relação à economia americana. O S&P 500 avançou 1,29%, a Nasdaq teve valorização de 0,97% e o Dow Jones fechou em alta de 1,63%.

    A produção industrial nos EUA, impulsionada pelos setores de informática, eletrodomésticos e materiais de construção, reagiu em setembro e teve alta de 0,5% no mês.

    Além disso, a divulgação de que os pedidos de seguro-desemprego atingiram o nível mais baixo em 14 anos confirmou o otimismo em relação à economia. Para o presidente da unidade regional do Fed em St. Louis, James Bullard, deveria ser considerado pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) um adiantamento no término do Quantitative Easing, pois, em sua opinião, os fundamentos dos EUA continuam fortes, com expectativas de inflação em declínio.

    Em linha com esse pensamento de que a economia está melhor, o mais recente Livro Bege do Fed mostrou que a economia dos EUA segue um ritmo de crescimento "modesto e moderado".

    O livro apontou que a "pressão de preços permaneceu contida, com muitos distritos reportando pouca ou nenhuma alteração nos níveis de preços ou aumentos modestos" e indicou, também, que as vendas de automóveis variaram entre os distritos, mas, no geral, foram positivas.

    Além disso, alguns distritos reportaram que houve um crescimento "modesto" dos salários em setores como o de construção e o de manufatura.

    Em relação ao consumo, a maioria dos distritos reportou um leve aumento nos gastos gerais. Segundo o livro, a atividade no setor de turismo permaneceu aquecida em várias áreas e foi reportada uma expansão da atividade de construção de imóveis comerciais e imobiliária na maioria dos distritos.

    Além disso, os volumes de empréstimos comerciais aumentaram em quase todos os distritos e a atividade no setor manufatureiro cresceu na maioria dos distritos em comparação com o Livro Bege anterior.

    Por outro lado, na zona do euro a situação não é tão positiva, pois a inflação voltou a cair. No mês de setembro, a inflação na União Europeia foi de 0,4%, contra 0,5% no mês anterior e 1,3% no mesmo mês do ano anterior.

    Além disso, o índice de preços ao consumidor recuou 0,1% e ficou em apenas 0,3% em setembro, menor nível registrado nos últimos cinco anos e muito longe da meta estabelecida pelo Banco Central. Isso reforça ainda mais a preocupação de que a zona do euro continua escorregando para a deflação.

    Na China, tudo indica que o desaquecimento econômico se aprofundará ainda mais, pois empresas chinesas devem cortar seus gastos de capital em cerca de 7% neste ano (cerca de 74 bilhões de iuanes) na tentativa de eliminar a dependência do país em relação a investimentos pesados, o que seria a maior redução anual desde a crise financeira mundial.

    Essa redução ressalta os desafios que a China está enfrentando para conter a desaceleração econômica, que deve ser a pior em 24 anos, muito agravada por um desaquecimento do mercado imobiliário.

    Tendo em vista que os cortes poderão persistir, a economia que sempre se baseou em grandes investimentos terá de acelerar o esforço por reequilíbrio para aquecer novamente seu crescimento.

    Com isso, espera-se que a China reduza suas dívidas, diminua a poluição e eleve o consumo interno para reequilibrar a economia, transformando-a em uma economia amadurecida com crescimento mais lento, porém com mais qualidade.

    Nos próximos dias serão divulgados o número de casas vendidas no EUA e o seu IPC mensal e o PMI de manufatura da zona do euro.

    PANORAMA BRASIL

    Nos minutos finais do pregão da última sexta-feira, uma onda de especulação eleitoral atingiu a Bovespa.

    A divulgação da pesquisa Sensu/ IstoÉ, ainda com o mercado aberto, despertou a atenção dos operadores. A vantagem do candidato Aécio, somada a uma rodada de dados positivos nos Estados Unidos, aliviou os investidores após uma semana de tensão com sinais de fraqueza da economia mundial e fez com que a Bolsa brasileira terminasse a semana com leve alta de 0,74% e acumulasse ganhos de 2,97% no mês e de 8,19% no ano.

    Com relação ao dólar, em meio a uma disparada na volatilidade e a um aumento nas preocupações com a saúde das principais economias mundiais, a moeda americana recuou 1,42%, a R$ 2,4308.

    Na última semana, foi divulgada a queda da confiança dos empresários da indústria para o menor nível desde 1999 para os meses de outubro.

    Apesar de esse dado ser negativo, a indústria registrou em setembro a criação de 24,8 mil vagas formais no país, após 5 meses de demissões. Por estar mais relacionado ao PIB, este setor tende a ter maior volatilidade, mas o desempenho, apesar de modesto, mostra que o mercado de trabalho segue tentando se recuperar, apesar da expectativa de piora dos demais indicadores de atividade para este ano.

    Piora esta que foi registrada com mais uma queda na estimativa de crescimento do PIB em 2014, de 0,28% para 0,27%.

    Quanto à inflação, não houve alteração das expectativas, já que o mercado acredita que o IPCA de 2014 seguirá em 6,45%. Também foi divulgada a situação do varejo brasileiro, que, embora tenha voltado a crescer, ainda é pressionado por preços altos e crédito caro, que vêm colaborando para que as vendas continuem sofrendo uma desaceleração.

    Para os próximos dias aguarda-se a divulgação do índice de confiança do consumidor e da taxa de desemprego.

    Post em parceria com João Pedro Freire Martins de Lima, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela consultoria junior de economia, CJE-FGV (http://www.cjefgv.com/)

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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