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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    04/11/2014 10h30

    PANORAMA MUNDO

    Após o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) confirmar as expectativas do mercado e anunciar o fim do programa de recompras de ativos, sinalizando que poderá aumentar os juros antes do esperado, as Bolsas americanas passaram a enfrentar alta volatilidade na semana que passou.

    Apesar da volatilidade, os índices acionários fecharam a semana em patamares recordes. Os índices Dow Jones e S&P 500 tiveram ganho de 1,13% e 1,17%, respectivamente, enquanto o índice Nasdaq subiu 1,41%, o maior patamar de fechamento desde março de 2000.

    O bom desempenho dos índices acionários americanos resultou dos dados positivos quanto à economia americana, que cresceu mais do que o previsto no terceiro trimestre, avançando 3,5% a uma taxa anualizada, após a expansão de 4,6% no segundo trimestre deste ano.

    Esse crescimento está relacionado à crescente produção de petróleo, que diminui as importações e contribui para uma melhora na indústria de transformação, de modo que a economia americana conseguiu superar a desaceleração do crescimento nos mercados externos de Europa e China.

    A recuperação do nível de emprego e a gasolina mais barata foram fatores relevantes para o aumento do índice de confiança do consumidor americano, que avançou para 94,5 pontos em outubro, ante 89 pontos em setembro, indicando uma melhora da perspectiva dos consumidores sobre a situação atual dos EUA.

    Além disso, o número de empresas que diminuiu seu saldo em caixa pela primeira vez desde a recessão foi maior do que o contingente que aumentou, sinalizando uma elevação da confiança das empresas na recuperação da economia americana.

    As Bolsas da Europa fecharam em alta na última sexta-feira, após o Banco do Japão surpreender os investidores ao anunciar a ampliação dos estímulos monetários para estimular a atividade da economia japonesa. Em Frankfurt e Paris, os índices DAX e CAC-40 fecharam em alta de 2,33% e 2,22%, enquanto em Londres o índice FTSE 100 teve ganho de 1,28%.

    Em constante risco de recessão, a zona do euro apresentou leve aceleração na taxa anual de inflação, avançando 0,4% em outubro ante o mesmo mês de 2013 - resultado que ainda corresponde a menos da metade da meta estabelecida pelo Banco Central Europeu.

    Já a taxa de desemprego se manteve estável em setembro, ante o mês anterior, e continuou em 11,5% e 10,1% na zona do euro e na União Europeia, respectivamente, como já era previsto pelos analistas.

    Os principais mercados asiáticos fecharam em alta na sexta-feira, com destaque para a Bolsa de Tóquio, na qual o índice Nikkei avançou 4,83%, atingindo o ponto máximo desde novembro de 2007.

    Esse bom desempenho está relacionado à ampliação do programa de estímulos monetários do banco central japonês para 80 trilhões de ienes ao ano. Essa decisão foi tomada pois os principais indicadores da economia não estavam tendo bom desempenho, colocando em risco a meta do governo de levar a economia a produzir uma inflação estável de 2% ao ano.

    A atividade industrial chinesa teve a maior queda em 5 meses, com recuo do Índice dos Gerentes de Compras para 50,8 em outubro, ante 51,1 pontos em setembro. Como o índice se encontra acima de 50 pontos, a atividade industrial ainda se encontra em expansão, mas a passos cada vez menores, sugerindo que o crescimento econômico chinês continua limitado.

    Nos próximos dias serão divulgadas as decisões da taxa de juros da zona do euro e do Reino Unido, o IPC anual da China e a taxa de desemprego nos EUA.

    PANORAMA BRASIL

    Após apresentar queda de 7% na semana das eleições, o Ibovespa recuperou 5,2% nos últimos dias. Com isso, o índice terminou o mês com alta de 0,95% e com ganho acumulado de 6% no ano. Esse desempenho positivo acompanha o cenário externo, no qual o Banco do Japão decidiu ampliar os estímulos monetários, e também o cenário interno, em que o governo aumentou a taxa Selic com o intuito de conter a inflação.

    O dólar apresentou expressiva valorização ante o real na última sexta-feira, acompanhando o movimento no exterior e os questionamentos sobre a capacidade do governo de realizar os ajustes necessários na política econômica utilizada. Com isso, a moeda americana registrou alta de 1,21% no mês de outubro.

    Na última quarta-feira, o Banco Central decidiu subir a taxa Selic de 11% para 11,25% para controlar a inflação. Para muitos especialistas, essa decisão poderá comprometer ainda mais a produção industrial brasileira, que já se encontra debilitada ao espalhar seus efeitos sobre o mercado de crédito, comércio e também sobre a confiança industrial.

    Além disso, o nível de confiança no setor de construção continua em forte queda. No trimestre terminado em outubro, o indicador caiu 14,8% na comparação com o mesmo período do ano passado e teve um recuo maior do que o registrado nos trimestres encerrados em setembro e agosto, nos quais a queda foi de 12,3% e 9,9%.

    Essa queda do nível de confiança decorreu das avaliações negativas quanto à situação atual dos negócios e da deterioração nas perspectivas para os próximos meses. Para os empresários do setor de construção, a demanda insuficiente, a falta de trabalhadores qualificados e a elevada carga tributária são os principais fatores de limitação da melhoria do desempenho da atividade desse setor.

    Nos próximos dias serão divulgados o IPC anual e mensal e a produção industrial brasileira.

    Post em parceria com João Luiz de Cerqueira César, graduando em economia pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e consultor pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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