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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    02/12/2014 12h24

    PANORAMA MUNDO

    Nos Estados Unidos, a movimentação no mercado foi tranquila durante a semana, sem muitas variações. O mercado acionário ficou fechado na última quinta-feira por conta do feriado de Ação de Graças. O S&P 500 fechou a semana com uma leve queda de 0,25%, o Dow Jones e a Nasdaq apresentaram alta de 0,1% e 1,7%, respectivamente.

    O PIB americano apontou crescimento de 3,9% no terceiro trimestre. Os dados dos dois últimos trimestres consecutivos representam o resultado mais positivo do PIB em seis meses desde 2003. O crescimento do PIB foi alavancado pelo consumo e o investimento das empresas privadas. Outro ponto que merece ser destacado é o progresso do mercado de trabalho e as baixas taxas de financiamento.

    Outra divulgação importante aconteceu na segunda-feira: o Índice de Gerentes de Compras (PMI, em inglês), que mede a atividade industrial, mostrou um menor otimismo para indústria americana - o índice reduziu de 55,9 para 54,8 no mês de novembro.

    Uma questão delicada para o mercado americano tem sido a decisão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de manter a produção de petróleo em 30 milhões de barris por dia. Os países integrantes da entidade se mostraram dispostos a manter a alta produção, ainda que isso impacte a queda do preço, o que pode inviabilizar o lucro de alguns produtores de xisto nos EUA que necessitam que o preço do barril do Brent fique acima de US$ 80 para ser rentável - o preço atual do Brent está na casa de US$ 72.

    Na zona do euro, a taxa de desemprego ficou estável no último mês, mantendo-se em 11,5%. A taxa é bem maior que a média dos países desenvolvidos. Os países que amargaram maiores taxas de desemprego foram Grécia (25,9%) e Espanha (24%). Já os que obtiveram um menor índice de desemprego foram Alemanha (4,9%) e Áustria (5,1%). O PMI europeu ficou em 50,1 no mês de novembro, o que mostra uma economia praticamente estável.

    Esse alto índice de desemprego preocupa e mostra que a Europa ainda precisa de estímulos. Diante disso, o presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, anunciou um plano de 315 bilhões de euros para ressuscitar a economia.

    Juncker afirmou que esse plano é o pontapé inicial para o crescimento europeu sem o aumento da dívida pública - isso porque o capital próprio da Comissão Europeia é de apenas 21 bilhões de euros e esse valor será usado como garantia para captar os 315 bilhões de euros em investimento privado nos próximos três anos. O clima é de ceticismo quanto à real efetividade desse plano.

    Do outro lado do mundo, a China deverá reduzir a meta de crescimento pela primeira vez em três anos, de 7,5% para 7%. Uma das razões é o fraco crescimento do setor imobiliário, que responde por quase 15% do PIB. O PMI registrou 50,3 em novembro, abaixo dos 50,8 registrados em outubro, o que mostra a economia com leve alta. Há expectativa que o banco central da China corte novamente os juros para tentar estimular a economia.

    Nos próximos dias serão divulgados o resultado da balança comercial da China e o PIB trimestral da zona do euro. Nos EUA será divulgada a taxa de desemprego do mês de novembro.

    PANORAMA BRASIL

    O Ibovespa encerrou o último pregão do mês de forma estável, com queda de 0,10% no dia, mas com uma leve alta mensal, de 0,06%. O volume financeiro na semana que passou foi fraco por conta do pregão reduzido na Bolsa de Nova York.

    Apesar de ter operado em alta a maior parte do dia, a queda do Ibovespa foi puxada pelas ações da Petrobras, que se desvalorizaram 4,7%. Os papéis da petroleira sofreram com a decisão da Opep de manter a produção elevada, o que pode baratear ainda mais o preço do barril que, caso atinja valores iguais ou inferiores a US$ 60, pode tornar financeiramente inviável a produção do pré-sal.

    A semana que passou também teve a confirmação da equipe econômica do governo, o que trouxe repercussão positiva para o mercado. Composta por Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini, no Ministério da Fazenda, do Planejamento e no Banco Central, respectivamente, o perfil dos integrantes parece, em um primeiro momento, retomar a credibilidade com o mercado empresarial.

    A perspectiva dos empresários é que a nova equipe econômica tenha autonomia para tomar decisões essenciais para recolocar nos trilhos a econômica nacional, ainda que sejam impopulares. Logo em seu primeiro discurso, Levy anunciou a meta de superavit primário de 1,2% do PIB para 2015, bem como o corte de gastos públicos.

    O dólar comercial fechou a última semana a R$ 2,57, em alta acumulada de 1,91% na semana e de 3,75% no mês. Há incerteza em torno da venda diária de swaps cambiais com a nova equipe econômica, indefinição esta agravada pelo discurso do presidente do BC, que declarou que o programa de swaps vem atingindo plenamente seus objetivos. Tombini sinalizou que o programa pode chegar ao fim, deixando o câmbio mais livre.

    Na última sexta-feira foi divulgado o resultado do PIB brasileiro no terceiro trimestre. A expansão de 0,1%, apesar de não animar, fez com que o Brasil saísse da chamada "recessão técnica" em que havia entrado após a divulgação do resultado do segundo trimestre. Um número que preocupou foi o da atividade da indústria brasileira, que caiu pelo terceiro mês consecutivo. O indicador PMI cedeu de 49,1 pontos em outubro para 48,7 em novembro, o menor valor em 16 meses, o que sinaliza pessimismo quanto à economia brasileira.

    Outro dado desfavorável foi a balança comercial brasileira, que apontou um deficit de US$ 2,35 bilhões em novembro, segundo o Ministério do Desenvolvimento. É o pior resultado para o mês desde 1980.

    Nos próximos dias ocorrerá a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) que decidirá a taxa Selic. Boa parte dos analistas e economistas vê uma nova alta na taxa de juros. Ainda temos nos próximos dias a divulgação do IGP-DI e do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) mensal.

    Texto em parceria com Matheus Corrêa de Oliveira, graduando em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela consultoria junior de economia, CJE-FGV (http://www.cjefgv.com/)

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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