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    Caro Dinheiro

    Por que fundos de previdência não ficam apenas em papéis pós-fixados?

    15/12/2014 02h00

    Investimentos pós-fixados geralmente estão atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou à Selic, dependendo da modalidade selecionada. Assim, a rentabilidade bruta oferecida em aplicações mais conservadoras girará em torno de 100% do CDI, equivalentes, atualmente, a 11,59% de retorno ao ano, ante 11,75% pagos na Selic.

    No entanto, os fundos de previdência que investem em modalidades atreladas ao CDI acabam por cobrar, frequentemente, taxas administrativas altas, de cerca de 2% ao ano. Com isso, a rentabilidade se reduz para 9,59% ao ano, fora a dedução de Imposto de Renda feita no resgate de acordo com a tabela escolhida —regressiva ou progressiva.

    Supondo a alíquota mínima de IR na modalidade regressiva, 10%, o retorno líquido que já estava em 9,59% cairia para 8,63% ao ano, equivalente a 74,47% do CDI atual —um valor líquido consideravelmente baixo, já que outras ferramentas de baixo risco, como letras de crédito ou CDBs, proporcionam ganhos líquidos superiores.

    Para não amargar rentabilidades baixas devido às altas taxas cobradas dos clientes, o gestor tenta buscar retornos maiores por meio de instrumentos mais arriscados, como títulos prefixados.

    Muitos gestores compram títulos públicos prefixados, como NTN-F (Notas do Tesouro Nacional —Série F) e LTNs (Letras do Tesouro Nacional), que são precificados de acordo com as expectativas dos investidores e, por isso, oscilações previstas acabam por não gerar impactos tão significativos. No entanto, as mudanças inesperadas são responsáveis por maiores margens de lucro potenciais e, com isso em mente, os gestores montam suas estratégias assumindo riscos de variações, por mais que a relação risco com retorno líquido seja ruim para seus cotistas.

    Antes de entrar em um fundo, recomenda-se que o investidor avalie as taxas incorridas e reflita se a estratégia de gestão vai produzir um retorno no longo prazo que compense o risco. Enquanto os investidores desses fundos não fizerem a conta na ponta do lápis e não virem o quão caras são as taxas de administração e carregamento praticadas, não haverá pressão para que os gestores modifiquem essa atitude e busquem opções melhores que garantam retornos mais favoráveis. Muitos produtos que poderiam ser interessantes se tornam grandes ciladas.

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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