• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 09:11:50 -03
    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    16/12/2014 11h51

    PANORAMA MUNDO

    A última semana foi a pior do ano para as Bolsas americanas, que foram pressionadas, principalmente, pelo colapso do preço do petróleo. A forte queda da commodity renovou as preocupações com o crescimento global. O índice Dow Jones caiu 1,79%, a Nasdaq recuou 1,16% e o S&P 500 fechou em baixa de 1,62%.

    O petróleo passou a ser um dos principais condutores do mercado, após sofrer fortes quedas em seu preço, com uma desvalorização de 45% desde meados de junho. Os contratos futuros de petróleo em NY fecharam a semana no nível mais baixo desde 2009. A queda de preço é uma resposta à redução na demanda causada pelo crescimento menor que o previsto da China e da Europa.

    Um dado positivo registrado nos EUA foi o aumento da demanda doméstica, que proporcionou um crescimento de 1,3% em novembro na produção industrial americana. Destaque para os setores de automóveis, de vestuário e de máquinas. O varejo também apresentou um bom resultado, e a alta 0,7% –a maior em oito meses– fez com que analistas acreditassem que o fim de ano será promissor para o setor.

    Outra estatística que chamou a atenção foi a melhora do mercado de trabalho, que criou cerca de 321 mil novas vagas em novembro e vem contribuindo para uma diminuição do deficit orçamentário americano.

    Enquanto isso, na Europa o preço do combustível também fez com que as Bolsas caíssem. No entanto, diferentemente do que ocorreu nos EUA, a produção industrial teve alta modesta, frustrando as expectativas anuais.

    No continente asiático, os investidores gostaram da vitória do partido do primeiro-ministro Shinzo Abe na disputa eleitoral pela Câmara dos Deputados japonesa. A expectativa é que melhore o crescimento da economia japonesa e que Abe faça mudanças estruturais.

    Mesmo com um iene mais fraco, preços dos combustíveis mais baixos e as medidas adicionais do banco central do Japão, as empresas continuam muito preocupadas com a orientação futura da economia e se esforçam para superar uma depressão induzida pela crise fiscal causada pelo aumento do imposto nacional sobre vendas, que provocou um corte nos gastos dos consumidores, desaquecendo a economia.

    O primeiro ministro japonês aposta nas empresas como peça-chave do sucesso. O plano chamado de "Abenomics" promete acabar com anos de deflação e gerar inflação sustentável de 2%. Ainda há, porém, a preocupação de que as empresas utilizem os crescentes ganhos e estoques de dinheiro em outros lugares, em vez de gastar na contratação de empregados japoneses e investimentos.

    Nos próximos dias nos EUA serão divulgados o índice de produção de NY, a produção industrial de novembro e a produção de manufaturados. No Japão, deve ser divulgado o PMI de manufatura e a balança comercial. Já na zona do euro, espera-se a divulgação do IPC anual (novembro).

    PANORAMA BRASIL

    A queda do petróleo e o menor crescimento da China e da zona do euro fizeram com que as ações de empresas ligadas a commodities, como a Petrobras, derretessem, afetando também o Ibovespa, principal índice da Bolsa. O índice amargou queda de 7,67% na semana.

    Na segunda-feira (15), o que se viu não foi diferente, já que as ações da principal estatal brasileira caíram 9,2%. Isso fez com que o Ibovespa atingisse o menor nível desde março.

    O aumento da aversão ao risco no cenário externo fez com que a moeda americana fechasse a semana em alta de 0,10%, cotada a R$ 2,65 – máxima desde 2005, apesar dos esforços do Banco Central de vender dólares na última sexta-feira

    Um ponto positivo para o país foi o resultado da balança comercial, que apresentou um superavit de US$ 380 milhões na segunda semana de dezembro e já acumula um superavit de US$ 778 milhões no mês, uma melhora se levarmos em conta o deficit acumulado no ano, que é de US$ 3,445 bilhões.

    A economia brasileira voltou a apontar retração no mês de outubro no comparativo com o ano anterior. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve queda de 1,18%. No ano, a retração é de 0,12%. Esses dados fizeram como que analistas do mercado reduzissem a estimativa para crescimento do PIB de 0,18% para 0,16%.

    Quanto à produção industrial, a estimativa seguiu em queda de 2,50% neste ano. E no ano de 2015 a previsão ainda é de alta, mas houve um ajuste para baixo, passando de 1,23% para 1,13%.

    O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) teve uma melhora, embora continue abaixo dos 50 pontos, o que demonstra pessimismo por parte dos empresários em relação às perspectivas para 2015.

    Os analistas de mercado acreditam que o Banco Central elevará a taxa Selic para 12,5% até o final de 2015, começando já em janeiro com aumento de 0,50 ponto percentual, seguido por um ajuste de 0,25 ponto em março.

    Por último, mesmo após uma leve elevação nas vendas do varejo, de 1% em outubro ante setembro, a trajetória de desaceleração do comércio não foi alterada. Interessante notar que o aumento das vendas não foi acompanhado por um aumento nas receitas, o que significa que houve uma diminuição nos preços no setor varejista.

    Post em parceria com João Pedro Freire Martins de Lima, graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela consultoria junior de economia CJE-FGV

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024