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    Caro Dinheiro

    O gigante chinês e o e-commerce

    DE SÃO PAULO

    01/02/2015 09h00

    As vendas pela internet vêm crescendo significativamente em todo o mundo, e no Brasil não é diferente. Nosso país registra as maiores taxas de crescimento mundial em e-commerce. Ainda que estejamos muito longe dos US$ 300 bilhões (R$ 800 bilhões) movimentados no mercado norte-americano, o valor transacionado no Brasil quase dobrou entre 2011 e 2014 (de R$ 19 bilhões para R$ 36 bilhões).

    Os brasileiros têm comprado e buscado cada vez mais variedade de produtos e de preços baixos. É aí que entra o Aliexpress, site pertencente ao grupo chinês Alibaba, focado em vendas no varejo. O Aliexpress oferece milhões de produtos de mais de 20 categorias, com preços muitas vezes considerados "imbatíveis"! O Brasil é atualmente um dos três principais países em números de transações do Aliexpress no mundo (só atrás dos EUA e da Rússia).

    Segundo o Ibope E-Commerce, a companhia é líder em unidades vendidas no país, com 11 milhões de pedidos entre julho e setembro de 2014, bem à frente das 3,8 milhões de unidades vendidas pelo segundo colocado no mesmo período, o grupo B2W, que reúne as tradicionais marcas Americanas.com e Submarino.

    Para ter uma ideia da magnitude desse gigante chinês, o Aliexpress processa um volume de ordens que ultrapassa os volumes somados do eBay e da Amazon. As plataformas comerciais do grupo Alibaba contaram com 231 milhões de consumidores fiéis em 2013 e o volume total de transações do negócio neste mesmo período somou US$ 250 bilhões.

    A oferta pública de ações (IPO) do Alibaba, em setembro de 2014, foi um sucesso, alcançando US$ 25 bilhões. O valor de mercado do grupo é estimado em quase US$ 280 bilhões, valendo atualmente mais que alguns pesos pesados da tecnologia, como o Facebook, a IBM, a Oracle, a Samsung e a Intel, ficando atrás apenas da Microsoft, do Google e da Apple.

    PÚBLICO FEMININO E PAGAMENTO VIA CELULAR

    O Aliexpress reúne vendedores de uma imensidão de produtos, o que permite ao consumidor a aquisição de mercadorias de origem chinesa diretamente de atacadistas e fabricantes do país asiático. As ofertas vão desde vestuário, acessórios, joias, maquiagem e perfumes, até eletrodomésticos e autopeças. Durante o Festival de Compras 11.11 em novembro passado, os cinco produtos mais vendidos no Brasil foram: cardigans, adesivos para telefones celulares, vestidos, camisetas e sutiãs. Um fato interessante é que as mulheres são responsáveis por 60% dos pedidos de brasileiros no site.

    A empresa chinesa de e-commerce vem assustando concorrentes no Brasil com seu impressionante crescimento, atribuído principalmente ao fenômeno "boca à boca". A penetração no mercado desta forma vem sendo tão grande que a empresa investe aproximadamente um décimo por mês, em mídia, do que os sites nacionais de grande porte. O Aliexpress também abre mão da utilização de anúncios em sites de busca, como o Google. A presença no sistema de pagamento via celular (uma intersecção-chave entre o comércio eletrônico e o varejo tradicional) também é uma vantagem estratégica.

    Apesar de algumas desvantagens significativas, como a demora em receber as mercadorias importadas (que pode chegar a dois meses) e da tributação sofrida pelas importações, o Aliexpress conquistou seus clientes brasileiros. Além dos fatos já citados, possui uma política de trocas que garante a devolução do dinheiro, caso o cliente afirme não ter recebido o produto sem questionamentos.

    No Brasil as importações individuais são taxadas para valores acima de US$ 50 para pessoas físicas e a empresa asiática recebe encomendas, na grande maioria, de valores abaixo disso (de R$ 33 ou US$ 12). Outra maneira que a empresa encontrou para driblar a tributação é fracionando as encomendas.

    CONTRA A CORRENTE

    Mesmo com o desaquecimento da economia brasileira, o mercado de compras online ainda se mostra promissor e as previsões são otimistas. A perspectiva de vendas do Aliexpress confirma essa tendência, visto que, se a empresa continuar no mesmo ritmo de expansão em 2015, deve alcançar faturamento bilionário, acima de R$1 bilhão.

    O comércio eletrônico mostra-se extremamente interessante, pois através dele, o consumidor pode rapidamente comparar preços de diferentes lojas, alcançar uma vasta gama de fornecedores e distribuidores (mesmo que internacionais) e pagar com rapidez e segurança, tudo isso na comodidade de sua casa ou na praticidade de um simples clique no celular.

    Post em parceria com Daniel Carasso

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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