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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    10/02/2015 11h58

    PANORAMA MUNDO

    Apesar do forte dado no emprego americano, com a notícia de que 257 mil postos de trabalho foram gerados em janeiro, acima da expectativa, as Bolsas dos EUA encerraram em queda na última sexta-feira. O índice Dow Jones fechou o dia com queda de 0,34%, enquanto que a Nasdaq e a S&P 500 recuaram 0,43% e 0,34% respectivamente.

    Isso se deve principalmente à notícia de que o desemprego aumentou 0,1 ponto percentual, ante expectativa de retração. Fato esse que, segundo analistas, pode servir de pressuposto para que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumente as taxas de juros já em junho.

    Ainda assim, o índice Dow Jones teve o maior ganho percentual semanal desde janeiro de 2013, valorizando 3,8%.

    Apesar do aumento do desemprego, analistas dizem que o número de novos pedidos de seguro-desemprego está dentro do previsto e que continua subindo em níveis consistentes com o crescimento sólido do emprego no país.

    No que diz respeito à balança, com a queda das exportações e aumento das importações no período, influenciado pelo fortalecimento do dólar e pela persistente queda dos preços do petróleo, o deficit comercial cresceu de forma acentuada em dezembro, chegando a US$ 46,56 bilhões.

    Na Europa, as tensões continuam voltadas para a Grécia. Após a agência de classificação de risco S&P rebaixar o rating de crédito soberano de longo prazo da Grécia, de "B" para "B-", e um cenário onde muitos gregos pararam de pagar impostos, na esperança de que o novo governo promoveria um alívio fiscal, a preocupação com a falta de caixa incomoda o novo governo de esquerda grego.

    Após ter um pedido de empréstimo de curto prazo recusado pelo Banco Central Europeu, agora o primeiro-ministro grego tenta pedir aos demais governos da zona do euro para que concedam um empréstimo-ponte para financiar suas obrigações até a metade do ano. Caso isso não ocorra, ele afirma que a Grécia "será o primeiro país a ir a falência por 5 bilhões de euros".

    Em meio às incertezas da Grécia, somadas aos contínuos conflitos na Ucrânia, que fizeram com que líderes europeus agendassem uma nova reunião na próxima quarta-feira (11) com o intuito de solucionar a guerra civil, as principais Bolsas europeias fecharam em queda na sexta-feira.

    Em tempos em que os preços mais baixos da energia produzem impactos positivos e negativos para a zona do euro, a Comissão Europeia aumentou a previsão de crescimento do PIB europeu. A expectativa é de que seja de 1,3% este ano e de 1,9% em 2016 (a previsão anterior era de 1,1% e 1,7% respectivamente).

    Enquanto isso, a China registrou um superavit recorde de US$ 60 bilhões em janeiro, decorrente de uma queda da demanda doméstica e da queda das importações, graças ao recuo dos preços das commodities. Isso indica que o governo pode precisar reforçar as medidas de estímulo à economia, para reaquecê-la.

    Além disso, a China teve o menor indicador de atividade do setor de serviços (PMI) em seis meses. Medido pelo HSBC, o índice recuou de 53,4 em dezembro, para 51,8 em janeiro.

    Nesta semana será divulgado o PIB da zona do euro e o balanço da sua produção industrial. Nos EUA, serão divulgados dados sobre as vendas do varejo, e na China, espera-se a divulgação do índice de preços ao consumidor.

    PANORAMA BRASIL

    A semana foi de alta para a Bovespa, com investidores embalados com a troca de comando da Petrobras. Com isso o Ibovespa acumulou alta de 4,02%. Porém, a escolha do nome do novo gestor da Petrobras, Aldemir Bendine, então presidente do Banco do Brasil, para substituir Graça Foster fez com que analistas ficassem frustrados.

    Para muitos, colocar alguém próximo ao governo na presidência da Petrobras mostra interesse político. Isto fez com que o Ibovespa fechasse o último pregão da semana com queda de 0,9%.

    A Bovespa fechou a segunda-feira também em alta, graças às ações da Vale e de siderúrgicas - uma vez que a expectativa de estímulos econômicos do governo chinês foi vista como algo benéfico às commodities.

    O dólar comercial fechou a semana em alta de 1,21%, no maior patamar de encerramento desde 2004, em R$ 2,777. Essa elevação se deu graças às fortes altas no exterior, devido às boas notícias do mercado de trabalho americano, somadas ao desânimo de investidores com as perspectivas para a economia brasileira após o anúncio do novo presidente da maior estatal brasileira.

    Além de frustrados com o novo gestor da Petrobras, os investidores devem ficar ainda mais abalados, já que as expectativas dos analistas para a economia brasileira continuam a se deteriorar. Segundo o boletim Focus, do BC, a estimativa do crescimento do PIB brasileiro caiu de 0,03% para zero. Se isso realmente ocorrer, será o pior desempenho do PIB desde 2009 - ano da maior crise financeira internacional de todos os tempos.

    Fator crucial para a diminuição da expectativa do PIB, a produção industrial, que foi revista para baixo –de 0,5% para 0,44%–, poderá ser ainda mais impactada caso haja um eventual racionamento de energia elétrica.

    Com projeções que indicam um ano recessivo, o setor está apreensivo e pede ao governo "transparência e discussão" sobre o problema.

    A projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), continua subindo. Desta vez, o salto foi de 7,01% para 7,15%. Isso ocorre após o anúncio de que, em 12 meses, a inflação acumulou avanço de 7,14% e depois de o governo anunciar novos aumentos na conta de energia elétrica, o que pressionará os preços administrados.

    Apesar disso, analistas acreditam em um alívio no ano de 2016. A projeção do IPCA em 12 meses caiu de 6,61% para 6,56%.

    Por último, a meta de superavit estabelecida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, equivalente a 1,2% neste ano, corre o risco de não ser alcançada, diante da herança deixada pelo deficit fiscal de 2014 e graças ao atual cenário econômico desfavorável. A expectativa do resultado primário recuou de 1,15% para 1% do PIB e a expectativa da dívida líquida como proporção do PIB aumentou de 37% para 37,2%.

    Na semana serão divulgados o índice de atividade econômica do Brasil (IBC-Br) e dados sobre as vendas do varejo.

    Post em parceria com João Pedro Lima, graduando em Economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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