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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    03/03/2015 10h20

    PANORAMA MUNDO

    Os principais índices acionários americanos subiram no mês de fevereiro. Para os analistas, esse avanço foi em parte ocasionado pela estabilização dos preços do petróleo e pelo anúncio de um programa de afrouxamento quantitativo feito pelo Banco Central Europeu. Com isso, os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam o mês com alta de 5,64% e 5,49%.

    O Nasdaq Composite subiu 0,9%, retornando à marca dos 5.000 pontos desde março de 2000. Dow Jones e S&P 500 avançaram, respectivamente, 0,86% e 0,59%, também em níveis recordes.

    Por outro lado, a semana não foi positiva para a atividade econômica americana. Segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio, o PIB do país cresceu 2,2% no quarto trimestre 2014, e não 2,6%, conforme previa a estimativa inicial para o período.

    Um dos fatores decisivos para a baixa do PIB foi o estoque das empresas, que contribuiu menos para sua evolução do que o inicialmente estimado, sinalizando uma tendência de curto prazo menos favorável ao crescimento econômico neste início de ano e a possível insustentabilidade do ritmo de crescimento de 4,6% e de 5% nos segundo e terceiro trimestres de 2014.

    Além disso, o prolongado ajuste negativo dos preços de energia, junto à morna demanda global e ao fortalecimento do dólar, começam a sinalizar que influenciam o reajuste de outros bens e serviços dos EUA, já que o índice de preços ao consumidor tem permanecido modesto. A presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, acredita que o efeito do ajuste negativo dos preços de energia sobre a inflação será transitório, já que os preços do galão de gasolina voltaram a subir desde o início de fevereiro.

    Na Europa, as principais Bolsas fecharam em alta modesta na sexta-feira (27), na expectativa do lançamento do programa de afrouxamento monetário do Banco Central Europeu a partir de março. Assim, os índices, Dax e CAC 40, de Frankfurt e Paris, avançaram 0,66% e 0,83%, enquanto o índice FTSE 100, de Londres, registrou queda de 0,04% e encerrou o mês com uma valorização de 2,9%.

    A leitura revisada do PIB do Reino Unido apontou crescimento de 0,5% no quatro trimestre de 2014, em linha com as expectativas dos analistas. Já a primeira estimativa para os investimentos empresariais no quarto trimestre apontou queda de 1,4% ante o trimestre anterior, apresentando a maior queda do investimento empresarial desde o segundo trimestre de 2009.

    As economias sueca e dinamarquesa também apresentaram avanço no quarto trimestre de 2014 e acabaram por crescer acima do esperado pelos analistas. O PIB sueco avançou 1,1% em relação ao terceiro trimestre, em vez de crescer os 0,5% estimados pelo mercado. Já a economia dinamarquesa cresceu 0,4%, acima da expectativa de 0,2% dos analistas.

    Na Ásia, a Bolsa de Tóquio se destacou e fechou a última sexta-feira com avanço de 0,06%, após a compra agressiva de ações da Sony e da Fast Retailing, e manteve a alta performance de 2,5% da semana.

    O banco central da China anunciou, antes do esperado pelos analistas, o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país, que passa a ser de 5,35%. Esse foi o segundo corte em menos de quatro meses, indicando que o governo chinês está preocupado com o ritmo de desaceleração econômica do país, que vem sendo sustentado pelo mercado imobiliário em queda e pelo aumento dos custos de empréstimos para empresas.

    Nos próximos dias será realizado o discurso de Yellen em uma conferência de imprensa do BCE. Além disso, será divulgado o PMI de Construção e de Serviços do Reino Unido e a Balança Comercial da China.

    PANORAMA BRASIL

    A Bolsa brasileira encerrou fevereiro com ganho de 9,97% acumulando alta de 3,15% no ano. Com a retomada do otimismo com o governo, as estatais se destacaram e apresentaram avanço: Petrobras PN, Vale PN e Banco do Brasil ON avançaram 3,23%, 0,59% e 3,08%, respectivamente. Em contrapartida, o mês de março começou negativo para a Bolsa brasileira.

    Já o dólar começou o mês de março com um recorde. A moeda americana subiu 1,37% e fechou a R$ 2,894, maior patamar desde 15 de setembro de 2004, influenciada principalmente pelo programa brasileiro de intervenção cambial e pela variação da moeda americana no exterior. Na última semana, a divisa acumulou queda de 0,81% e avançou 6,19% no mês de fevereiro.

    O índice de confiança do setor industrial recuou 3,4% em fevereiro devido à piora na avaliação da indústria em relação à situação atual e ao maior pessimismo sobre o futuro. Com isso, o indicador chegou a 83 pontos e se mantém, pelo nono mês seguido, em nível considerado "extremamente baixo", ou seja, abaixo de 90,2 pontos.

    Para o superintendente-adjunto para ciclos econômicos da FGV/Ibre, Aloisio Campelo, os dados divulgados ainda não dão sinais de que essa fase de contração esteja perto do fim e que o primeiro trimestre de 2015 deve ser o sétimo seguido de retração da produção industrial.

    O índice de confiança do setor de serviços também caiu, atingindo uma baixa recorde no mês de fevereiro. O recuo de 5,4% fez com que o indicador registrasse o menor nível da série histórica iniciada em junho de 2008.

    Além disso, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou em nota que o anúncio de mudança no sistema de desoneração da folha de pagamentos é preocupante, já que o setor vem perdendo competitividade e essa medida impacta expressivamente a capacidade do setor de enfrentar os desafios da competitividade global.

    A atividade setor de construção também começou o ano em queda acentuada. O indicador de atividade do setor recuou de 39,4 pontos em dezembro de 2014 para 36,9 pontos em janeiro deste ano.

    Por conta disso, o índice de intenção de investimento teve queda de 4,9 pontos em relação a janeiro e ficou em 35,9 pontos em fevereiro, com forte impacto nas perspectivas das grandes empresas do setor, nas quais o índice teve queda de 37,6 para 33,5 pontos.

    Nos próximos dias serão divulgados a decisão da taxa de juros, a produção industrial e o IPC anual e mensal do Brasil.

    Post em parceria com João Luiz de Cerqueira Cesar, graduando em Economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia, CJE-FGV (http://www.cjefgv.com/)

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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