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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    24/03/2015 10h05

    PANORAMA MUNDO

    Após seguidas semanas de quedas, as Bolsas americanas voltaram a subir. Graças à correção em baixa do dólar, além do vencimento simultâneo dos contratos de futuros de índices de ações, opções de ações e futuros de ações, na última sexta-feira (20) o índice Dow Jones subiu 0,94%, enquanto o S&P 500 e Nasdaq avançaram, respectivamente, 0,90% e 0,68%.

    Na semana, o S&P obteve alta de 2,7%, Nasdaq de 3,2% e o Dow Jones avançou 2,1%.

    O Departamento do Comércio americano divulgou que o deficit em conta corrente do país continua aumentando, atingindo US$ 113,45 bilhões, o equivalente a 2,6% do PIB dos EUA. Esse aumento superou as expectativas, devido a um menor superavit na receita primária, provocado pela queda da receita de investimentos diretos de filiais no exterior, graças à constante valorização do dólar no mundo.

    No que diz respeito ao crescimento da economia, notou-se que o número de pedidos de auxílio-desemprego aumentou levemente na última semana, mas a tendência é positiva, ou seja, o saldo da criação de postos de trabalho foi positivo nos últimos meses.

    Já na Europa, as Bolsas também fecharam em alta. O avanço foi atribuído ao otimismo em relação aos juros baixos durante um maior tempo, indicado pelo Banco da Inglaterra e pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

    A alta também foi atribuída ao otimismo em relação à Grécia. Após uma reunião na última quinta (19), o país concordou em apresentar novas propostas de reforma econômica para os parceiros europeus nos próximos dias. Isso cria expectativas em relação a um possível acordo sobre a dívida grega.

    Além disso, Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu), afirmou que a recuperação da inflação depende do plano de compra de ativos. Portanto, afirmou que o BCE comprará títulos públicos e privados por ao menos 18 meses, até que o banco se convença de que a inflação está perto da meta de 2%.

    Na China, pela nona sessão consecutiva, o índice Xangai Composto, referencia da Bolsa de Xangai, subiu. Dessa vez, o avanço foi de 1,95%, após sinais emitidos pelo órgão regulador do mercado de capitais de que o governo não está preocupado com a possibilidade de avanços adicionais na Bolsa local.

    Nos últimos anos, o governo chinês reforçou o controle sobre o endividamento dos governos locais do setor bancário paralelo do país (Shadow Banking). Com isso, o governo pretende abrir a conta de capital do país, para facilitar o investimento de estrangeiros na China e o investimento dos chineses no exterior, o que afetaria bastante o Xangai Composto. Porém Zhou, presidente do banco central, não deu detalhes sobre essa abertura do capital.

    Ao longo da semana serão divulgados o índice de atividade manufatureira dos Estados Unidos e da zona do euro. Além disso, será divulgado o PIB trimestral dos EUA e é esperado um discurso de Janet Yellen, presidente do banco central.

    PANORAMA BRASIL

    O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou a última semana com nova máxima no ano, acumulando ganho de 6,94%. O cenário externo foi o grande fator que ditou a valorização do índice, com as expectativas em relação à Grécia.

    Além disso, a zeragem de posições vendidas (estar na posição vendida significa ganhar dinheiro quando a pontuação futura do Ibovespa cai), principalmente no mercado futuro, por investidores locais, ao mesmo tempo em que estrangeiros atuaram forte na ponta compradora do mercado à vista também podem ter influenciado as altas na sexta, 1,99%, segundo analista da Guide Investimentos. Essa zeragem significa que os investidores estão diminuído suas apostas em quedas na Bovespa.

    A diminuição da preocupação com a Grécia aumentou o apetite por ativos de maior risco por parte de investidores. Isso sustentou as altas das commodities e, consequentemente, das moedas emergentes. Com isso, a moeda americana fechou na segunda-feira com queda 0,62%, mas com alta acumulada no mês de 13,11%.

    A constante desvalorização do real ante o dólar acelerou os planos de inúmeras empresas do ramo industrial no que diz respeito às importações. Essa aceleração surgiu como uma forma de compensar, ao menos em parte, a possível perda de receita com o mercado interno. As indústrias que se arriscam a falar possuem metas de crescimento de exportações de 10% a 15% em relação ao ano de 2014.

    Para o diretor de competitividade da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), "a exportação é uma forma de neutralizar o efeito do câmbio sobre insumos dolarizados e de se defender da fraca demanda doméstica."

    Exportação, inclusive, foi um dos fatores cruciais que fizeram com que a balança comercial brasileira tivesse deficit de US$ 199 milhões na terceira semana de março. A média de exportações durante essas três semanas caiu 19,3%, com destaque para a queda de exportações de bens básicos, que foi de 32%. A balança comercial acumula saldo negativo de US$ 273 milhões no mês e de US$ 6,288 bilhões no ano.

    Por último, pela décima segunda vez consecutiva, analistas de mercado reduziram as expectativas para a atividade econômica e, ao mesmo tempo, elevaram a expectativa de inflação para o ano, de acordo com o boletim Focus.

    A mediana do PIB passou de um recuo de 0,78% na semana anterior para queda de 0,83%. Já a mediana para o IPCA passou de 7,93% para 8,12%.

    O principal fator que vem fazendo com que analistas revisem suas estimativas de inflação para acima de 8% é a escalada do dólar.

    Na próxima quinta feira (26), o Banco Central apresentará seu prognóstico para o PIB de 2015, além de seu relatório trimestral de inflação (RTI), com as projeções para o IPCA até o primeiro trimestre de 2017.

    Post em parceria com João Pedro Freire Martins de Lima, graduando em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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