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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    31/03/2015 09h59

    PANORAMA MUNDO

    Na última quarta-feira(25), as Bolsas Americanas fecharam em baixa pelo terceiro pregão consecutivo. O índice acionário Nasdaq Composite caiu 2,3%, enquanto o Dow Jones recuou 1,62%, acumulando queda de 2,3% no mês. Os papéis não saíram do negativo e fecharam na mínima, pressionados pela inesperada queda de demanda por bens duráveis em fevereiro. Para analistas, o declínio do índice é consequência da alta do dólar e de uma fraca demanda global.

    Apesar das quedas nas Bolsas, novos indicadores apontam para a recuperação do mercado americano.

    O custo de vida cresceu mais do que o esperado no mês de fevereiro. O núcleo do índice de preços do consumidor cresceu 0,20% pelo segundo mês seguido, acima dos 0,11% previstos por analistas, mostrando que a melhora do mercado de trabalho está deixando os mercados mais confiantes e permitindo às empresas a elevação de preços.

    Além disso, a queda acima do esperado dos pedidos de seguro-desemprego no país e a expansão do setor de serviços no ritmo mais acelerado desde setembro refletem um novo vigor na economia americana. Com isso, a recente desaceleração do PIB americano no 4º trimestre de 2014, cujo crescimento foi de 2,2% e ficou abaixo da expectativa de alta de 2,4%, parece ser temporária.

    Na Europa, as Bolsas não seguiram uma tendência ao longo da semana, mas o saldo geral foi negativo. As Bolsas alemãs e francesas foram beneficiadas pela fraqueza inicial do euro frente ao dólar. Contudo, o euro se recuperou, atrapalhando os exportadores. O índice Stoxx 600 caiu 2,1% ao longo da semana e o DAX, de Frankfurt, acumulou queda de 1,4%, após dez semanas consecutivas de valorização.

    A Espanha conseguiu diminuir significativamente seu deficit orçamentário, cumprindo, pela primeira vez desde 2008, a meta acordada com a União Europeia. Já na França, o desemprego voltou a crescer, aumentando 0,5%, apesar da redução de encargos trabalhistas feita pelo presidente François Hollande. A leitura final do crescimento econômico francês de 2014 indicou expansão de apenas 0,4%.

    A situação na Grécia parece cada vez pior. Os gregos tentam desemperrar as negociações sobre as reformas econômicas a serem levadas a cabo para receber um auxílio econômico de 7,2 bilhões de euros da União Europeia.

    O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, foi eleito com a promessa de reverter os cortes orçamentários solicitados pelos credores da dívida grega. Entretanto, o governo deve ficar com os cofres vazios após o dia 9 de abril, quando um pagamento de 420 milhões de euros deverá ser feito ao FMI. Com isso, será mais difícil pagar salários e aposentadorias - deteriorando a credibilidade do governo.

    Na Ásia, o índice Nikkei, referência da Bolsa de Tóquio, fechou em baixa de 1,39% na última quinta-feira(26), em meio a receios quanto ao ritmo da economia americana e às suas implicações sobre o mercado acionário japonês, que muitos consideram sobreprecificado.

    Além disso, a inflação japonesa, segurada pelos baixos preços do petróleo, foi nula em fevereiro comparada ao mesmo mês do ano passado e a desaceleração dos preços está acabando com as perspectivas do banco central de gerar uma inflação firme de 2% até meados do ano que vem.

    O índice Xangai Composto fechou em alta de 0,58% e os de Hong Kong e Seul caíram, respectivamente, 0,13% e 0,99%. Um indicador da atividade industrial chinesa caiu à mínima de 11 meses, sugerindo que pode ser necessário mais estímulo para impulsionar a produção fabril na segunda maior economia do mundo.

    Contudo, uma boa notícia veio do Banco de Desenvolvimento da Ásia: a economia chinesa deve superar os 7% de crescimento nos próximos dois anos, acima dos 6,5% previstos pelo FMI até 2016.

    Nesta semana, haverá a divulgação das taxas de desemprego alemã e americana e será informado a leitura do PIB da Grã-Bretanha e do PMI da manufatura chinesa.

    PANORAMA BRASIL

    Na semana passada, o Ibovespa fechou em baixa de 0,96%, completando um recuo de 3,6%. No entanto, apesar de pesadas vendas nos papéis da Vale PNA (-2,74%), Bradesco PN (-2,75%) e Gerdau PN (-9,14%), o índice conseguiu se manter acima de 50.000 pontos. Os exportadores estão entre os maiores ganhos, beneficiados pelo aumento do dólar.

    A semana apresentou alta volatilidade no valor do dólar perante o real, terminando com alta de mais de 1% do dólar. Este processo de valorização da moeda americana, que vem ocorrendo com vários países emergentes devido à possível elevação da taxa de juros americana, é mais intenso no Brasil, principalmente devido a problemas internos - o risco político e as dúvidas sobre a capacidade do governo em implementar o ajuste fiscal.

    Na tarde de sexta-feira, o dólar comercial subia 1,52%, a R$ 3,2384, enquanto o euro avançava 1,99%, cotado a R$ 3,5304.

    A agência Standard and Poor's (S&P) resolveu manter a nota de crédito brasileira dentro do patamar considerado "grau de investimento" (BBB-). Se o rating tivesse sido rebaixado, o país entraria no grau especulativo, o que traria consequências negativas à economia nacional, como menor acesso ao crédito e maiores taxas de juros.

    A empresa afirmou em nota que "a perspectiva estável reflete a nossa expectativa de que a correção em andamento continuará a atrair o apoio da presidente Dilma Rousseff e, finalmente, do Congresso, que gradualmente irá restaurar a credibilidade política perdida, abrindo o caminho para perspectivas de crescimento mais forte em 2016 e nos anos seguintes."

    O fraco crescimento do PIB, de 0,3% no quarto trimestre e 0,1% em 2014, não surpreendeu os economistas. Segundo Rebecca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o resultado representa uma estabilidade da economia, com uma contribuição menor do consumo para o resultado e um peso negativo dos investimentos.

    O setor de serviços cresceu 0,3% no quarto trimestre de 2014 ante o terceiro trimestre do mesmo ano, enquanto o de indústrias apresentou queda de 0,1% no quarto trimestre. O ambiente de incertezas econômicas e políticas de 2014 afetou a confiança de empresários e consumidores, causando uma diminuição de 4,4% no patamar de investimentos. O consumo das famílias sofreu desaceleração e apresentou alta de 0,9% em 2014 ante 2,9% em 2013.

    Nesta semana será divulgada a produção industrial e a balança comercial de março e o IPC-Fipe.

    Post em parceria com Matheus Pellegrini Dias, graduando em Economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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