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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    07/04/2015 10h42

    PANORAMA MUNDO

    As principais Bolsas Americanas fecharam a última semana em queda. O índice Dow Jones fechou na última quinta-feira (2) com alta de 0,37%, o S&P 500 avançou 0,35% e a Nasdaq teve valorização de 0,14%. Os resultados tímidos podem ser compreendidos como produto de um "nervosismo de mercado" que acompanhou uma série de relatórios negativos.

    A criação de empregos no setor privado foi 16% menor que as previsões, colocando sob fortes dúvidas as políticas que serão adotadas pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre a taxa de juros no país.

    Em relação à balança comercial americana, houve um deficit de 16,9% na comparação com janeiro, surpreendendo os especialistas, que previam aumento de 0,5%. O índice industrial ISM não ultrapassou os 51,5%, frustrando as expectativas dos analistas, que esperavam um ISM de 52,5%.

    A evidência de desaceleração do crescimento do setor industrial colocou em risco a previsão de ritmo crescente da economia americana e teve impacto de reduzir o valor do dólar.

    As Bolsas europeias terminaram a semana sem tendência clara, fechando a quinta-feira majoritariamente com leve alta. Na Bolsa de Frankfurt, o DAX teve baixa de 0,28%. O índice FTSE-100, da Bolsa de Londres, encerrou o dia com alta de 0,35%, e a Bolsa de Paris, com o índice CAC-40, finalizou o pregão em alta de 0,24%.

    Os investidores relutaram em tomar posições no mercado europeu devido às expectativas com os dados de emprego nos EUA, divulgados na sexta-feira, e à espera da resolução da questão entre os gregos e os credores internacionais.

    Segundo o ministro da Finanças da Grécia, Dimitris Mardas, o país vai honrar o pagamento da dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional) no dia 9 de abril. Mesmo com os cofres vazios, a Grécia têm procurado um acordo sobre o plano de reforma econômica do país juntamente com líderes da zona do euro, visando a liberação do fundo de socorro para resolução de sua crise interna.

    Em contraposição aos EUA, a indústria europeia apresentou uma aceleração no mês de março. O PMI na zona do euro subiu de 51 pontos para 52,2, superando as perspectivas dos especialistas. O resultado é superior aos dez meses anteriores, e está ancorado no bom desempenho de Itália, Espanha e Alemanha.

    O índice Nikkei 225, da Bolsa de Tóquio, fechou o pregão da última sexta-feira em alta de 0,63%, acumulando valorização de 0,77% na semana. As ações da Sony valorizaram 3,4% após o anúncio de um acréscimo de lucro presumido da ordem de US$ 500 milhões.

    O mercado de capitais na China tem ganhado grande destaque devido ao volume transacionado nas últimas semanas. No dia 25 de março foi registrado nos mercados de Xangai e Shenzen um volume de US$ 198 bilhões, em comparação com a Nyse, que negociou em média US$ 50 bilhões por dia.

    Um relatório da Market Watch alerta investidores sobre a euforia do mercado de renda variável chinês e sobre a possibilidade de se tratar de uma bolha. Por outro lado, há economistas que enxergam espaço para o aumento das transações, visto que o mercado de ações chinês se encontra em um processo de consolidação, superando progressivamente a atratividade do mercado imobiliário.

    Para essa semana, haverá coletiva de imprensa do banco central do Japão, pronunciamento do Fomc (comitê de política monetária do Fed) e publicação das atas também, além de decisão da taxa de juros britânica.

    PANORAMA BRASIL

    Após o clima de tensão generalizada dos últimos meses, o mercado brasileiro vive uma semana de calmaria neste início de abril. O Ibovespa alcançou os 53.123 pontos, registrando uma valorização de 6% na semana. As ações da Petrobras ordinárias e preferenciais subiram cerca de 5%, fechando a R$ 10,60 e R$ 10,72 respectivamente. Destaque para as ações da Rumo Logística, que evoluíram 26,47% no mesmo período.

    O mercado de câmbio tem sofrido fortes influências do cenário internacional e nacional, dentre as quais se destaca a divulgação do relatório ADP nos EUA e o recente pronunciamento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O dólar comercial fechou a semana em queda de 3,4%, atingindo R$ 3,12. Uma queda desta magnitude não ocorre desde setembro de 2013.

    A processadora de folhas de pagamento ADP declarou em seu relatório, divulgado na última quarta feira (1), que o setor privado dos EUA criou cerca de 189 mil empregos no último mês, em contraposição ao valor projetado de 225 mil. É o menor nível desde janeiro de 2014. O fator não só impactou no valor do par dólar/real, mas nos pares do dólar com outras 19 divisas dos principais países emergentes.

    Durante a audiência pública para a Comissão de Assuntos Econômicos, Levy reafirmou a sua política de ajustes fiscais, visando a redução dos juros e uma consequente retomada do crescimento da economia. O pronunciamento ainda tangenciou a questão da dívida pública e da meta de superavit primário, acalmando os ânimos de investidores e credores internacionais, com impactos diretos no câmbio.

    Dados do IBGE publicados na última quarta-feira (1) apontam para um recuo de 0,9% na produção industrial brasileira do mês de fevereiro em relação ao mês anterior; sendo a 12ª queda seguida e a mais forte desde julho de 2009.

    Apesar da magnitude, o indicador figurava dentro das expectativas de mercado (+0,4% a - 2,5%) e seu desempenho foi fortemente impactado pela redução na produção de bens de capital, como máquinas e equipamentos (-4,1%).

    Estudos recentes do Banco Central demonstram a disparidade regional do PIB no Brasil, evidenciando a região Nordeste e o crescimento do PIB de 3,7% em contraposição ao Sudeste, que apresentou recessão de 0,8%.

    Os dados suscitaram a discussão sobre os rumos da região e dividiram especialistas: de um lado, consultorias sugeriram uma possível inflexão da economia nordestina. Do outro, o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Banco do Nordeste apontou para uma frenagem no ritmo de crescimento, mas citou que a demanda por crédito continua firme e que uma inflexão é improvável para 2015.

    Para essa semana, são esperados os índices IPC de referência mensal e anual e o IGP-DI de março.

    Post em parceria com Douglas Moreira de Gouvea, graduando em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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