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    Caro Dinheiro

    Você tira muito mais conclusões precipitadas do que imagina

    02/05/2015 02h00

    Faça um esforço para se lembrar de quantas vezes você já passou por algum tipo de aborrecimento após tirar uma conclusão precipitada. Pode vir à mente a má interpretação da frase dita por um amigo que acabou gerando uma desavença ou mesmo um comentário ambíguo escrito pela namorada nas redes sociais que gerou uma discussão desnecessária.

    Acredite se quiser, nossa mente é capaz de tirar conclusões precipitadas sem a necessidade de um contexto tão elaborado. Na verdade, elas acontecem o tempo todo, sem que você perceba, e isso afeta diretamente a forma como você enxerga o mundo. Duvida?

    Então vamos a um exemplo simples: imagine que você está diante de uma carteira cheia de dinheiro com uma plaquinha em frente com a palavra "banco". Imediatamente virá a ideia de uma agência bancária. Em contrapartida, se a mesma plaquinha estivesse ao lado de uma foto de uma linda praça, você logo imaginaria um local para sentar.

    Nossa mente é direcionada para completar ideias. Quando você lê ou escuta uma palavra, a associação direta é feita de acordo com o contexto que faz mais sentido naquele momento. O grande problema é que nem sempre essas associações que fazemos são confiáveis ou simples como o exemplo do banco.

    Manter o senso crítico é uma necessidade e, ao mesmo tempo, um desafio quando o foco é lidar com ambiguidades. Pense numa situação corporativa corriqueira: Você vê seu chefe chegar ao trabalho com uma expressão de irritação e mau humor. Meia hora depois ele chama você para conversar em particular e alerta para alguns pontos que você poderia melhorar em seu desempenho.

    Ao sair da sala, é bem provável que você fique apreensivo (a) ou mesmo aborrecido (a) com o feedback.

    Mas o que levou você a crer que o mau humor matinal do seu chefe tinha relação com o feedback negativo? Você simplesmente associou os dois eventos e se sentiu ameaçado (a).

    O chefe pode ter se envolvido em uma batida de trânsito logo no início do dia e isso ter sido o motivo para o mau humor. Se o mesmo feedback tivesse sido dado em um dia em que ele estivesse contente e bem disposto, você poderia ter recebido a crítica com menos pessimismo e aceitado sem tanta apreensão.

    Nós temos tendência a fazer associações de uma forma quase automática, ligar os pontos de modo que, em nossa mente, essas conexões pareçam bem fundamentadas. Do mesmo modo como você associa banco a uma agência bancária quando existe o contexto do dinheiro - desconsiderando outros possíveis sentidos para aquela palavra -, naturalmente você associa o mau humor do seu chefe com o seu desempenho a desejar no escritório, sem levar em conta que a chateação dele pode não ter nada a ver com você.

    Com tudo isso em mente, vale a pena manter a atenção para os momentos em que precisamos reforçar nosso senso crítico e evitar o hábito de acreditar na primeira impressão que nossa mente formula. Afinal, como você pode ver, conclusões precipitadas só servem para atrasar o nosso caminho.

    Post escrito em parceria com Karina Alves, editora do site Finanças Femininas

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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