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    Caro Dinheiro

    Veja como seu senso crítico pode se transformar em um passe de mágica

    09/05/2015 02h00

    Pode ser com uma moeda, um lenço de pano ou cartas de baralho. Seja qual for o instrumento do mágico, se ele for bom de serviço você sempre ficará com uma expressão de surpresa ao final de um truque.

    O fato é que não há nada de sobrenatural na mágica em si. No fim das contas você sabe que tudo não passou de ilusão. Ainda assim, você realmente crê que a carta de baralho sumiu, porque é isso que seus olhos estão vendo.

    O mágico sabe exatamente como prender a sua atenção nos pontos onde ele quer, para que a ilusão aconteça sem que você perceba. Um fato interessante sobre psicologia cognitiva justifica, de certa forma, o sucesso dos truques. Nossa mente tem uma tendência a crer e confirmar.

    Uma amostra sobre essa afirmação pode ser notada em um experimento feito pelo psicólogo Daniel Gilbert. Os participantes avaliavam uma série de frases como verdadeiras ou falsas. Posteriormente, eles seriam testados para dizer quais haviam dito que eram verdadeiras.

    Logo após classificarem as frases, os participantes precisavam memorizar uma série de números. A tarefa paralela confundia a mente dos participantes e os levava a admitir mais sentenças falsas como verdadeiras.

    O que o experimento, de fato, mostra é que nossa mente fica menos criteriosa quando está sobrecarregada, ou seja, somos enganados mais facilmente. Assim como um mágico "manipula" sua atenção para que você creia em uma ilusão, estamos sujeitos a tomar decisões mal pensadas diariamente, justamente por sermos vencidos pelo cansaço.

    Pense na seguinte situação: você chega em casa ao fim de um dia de trabalho, depois de lidar com uma enxurrada de informações, com o cansaço já latente, e resolve descansar vendo televisão. Já notou que em um curto intervalo você pode ver o mesmo comercial ser repetido umas quatro ou cinco vezes? Com uma propaganda política a tática é a mesma: uma mensagem curta, dita várias vezes em um horário estratégico.

    O excesso de informações a todo instante deixa a mente cansada e menos criteriosa, ou seja, você está mais propenso a dar crédito às mensagens que recebe. Essa é a mágica cotidiana. Só que nestes casos, em vez da surpresa ao fim do truque, você acaba surpreendendo a si mesmo comprando algo de que não precisava ou dando um voto a quem não merecia.

    Post escrito em parceria com Karina Alves, editora do site Finanças Femininas

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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