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    Caro Dinheiro

    Mundo Econômico

    19/05/2015 02h00

    PANORAMA MUNDO

    Apesar de uma desvalorização acumulada de 0,47% do dólar no último mês, a moeda americana se valorizou 0,43% ante o real na última semana, fechando em R$ 2,9965. O dólar iniciou o mês em queda com a publicação dos índices do desempenho da economia americana, que vieram abaixo do previsto.

    O fato lançou dúvidas sobre a capacidade de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevar a taxa básica de juros americana no segundo semestre, como se especulava. Com os juros não subindo, as empresas aumentaram a sua previsão de lucro, fato potencializado pelo aumento da competitividade internacional com o dólar mais barato. Como consequência, as ações das empresas se valorizaram, o que é refletido no aumento semanal de Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 em 0,5%, 0,9% e 0,3%, respectivamente.

    Entre os indicadores americanos que estão abaixo das expectativas do mercado estão a geração de empregos, as vendas no varejo, a confiança do consumidor, o PIB (Produto Interno Bruto) trimestral e a produção industrial (que caiu pelo quinto mês consecutivo).

    O petróleo barato ajudou no crescimento da zona do euro, que passou para 0,4%, acima dos 0,3% do período anterior. A estabilização dos retornos sobre títulos soberanos deu nova confiança aos investidores, assim como a promessa de Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu), de manter o programa de compra de ativos enquanto for necessário.

    O desempenho americano, porém, acabou anulando os ganhos e gerando perdas nas Bolsas europeias. Somado a isso, a valorização do euro ante o dólar encareceu as exportações europeias, piorando o desempenho de diversas empresas.

    Com isso, índices como o FTSE-100, da Inglaterra, o DAX, da Alemanha, e o CAC-40, da França, caíram 0,18%, 0,98% e 0,71%, respectivamente, na última sexta-feira (15).

    Após a vitória dos conservadores nas eleições britânicas, o Banco da Inglaterra decidiu manter as taxas de juros no valor mínimo histórico de 0,5%, aguardando uma recuperação da atividade econômica e da inflação para elevar a taxa.

    A Grécia continua a preocupar a zona do euro, principalmente por causa da possível insolvência do seu sistema bancário, que sofre com a fuga de capitais. A instabilidade fez com que a previsão de crescimento anual fosse reduzida de 2,5% para meros 0,5%.

    A alta na Bolsa japonesa de 0,64% nessa segunda-feira (18) foi explicada pelo bom desempenho das empresas que, na perspectiva de crescimento futuro, aumentaram a importação de máquinas em 2,9% no mês de março em relação a fevereiro. Além disso, as Bolsas também refletiram o crescimento do Japão no primeiro trimestre, que deve chegar a 1,6%.

    O baixo preço do minério de ferro, devido ao excesso de oferta, está levando ao fechamento de várias mineradoras chinesas com altos custos operacionais. Apesar do crescimento de 0,57% da produção industrial e de 0,74% das vendas no varejo em abril, um crescimento maior era esperado.

    Para conter a redução do crescimento econômico, o governo chinês planeja lançar um pacote com estímulos monetários e fiscais. A divulgação dos dados da economia chinesa abaixo das expectativas levou a uma queda na Bolsa de Xangai de 0,6%.

    Nessa semana será divulgado o IPC anual do Reino Unido e da zona do euro, além do PIB trimestral e do PMI industrial de maio da Alemanha.

    PANORAMA BRASIL

    Pelo quinto mês consecutivo o índice de confiança do comércio apresentou queda, dessa vez de 6,3% em relação ao mês anterior e de 22,1% frente ao mesmo mês do ano passado.

    O menor nível de confiança dos empresários pode ser explicado por dados negativos para a economia brasileira, como a redução da participação no comércio global de 1,3% para 1,2%, queda de 0,8% da produção industrial em março (tendo caído 4,7% nos últimos 12 meses) e aumento do número de empresas inadimplentes em 1,8% no mês de abril.

    O volume de vendas no varejo ampliado (ou seja, que inclui a venda de automóveis e materiais de construção) caiu 1,6% em março em comparação com o mês anterior. Dentre os principais motivos para a menor atividade no setor estão as tarifas mais elevadas, crédito mais caro e a deterioração do mercado de trabalho.

    Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, medida que estima a variação mensal do PIB, pode ter havido queda de 0,5% no Produto Interno Bruto em março.

    Na última semana, o Ibovespa teve desvalorização de 1,7%, causada principalmente por bancos que tiveram sua classificação de risco reduzida pela agência de classificação de risco Moody´s.

    Por isso, o investidor estrangeiro opera com aversão ao risco em relação ao Brasil. A queda só não foi maior por causa do resultado trimestral surpreendente da Petrobras, que lucrou R$ 5,33 bilhões, quando a expectativa era de R$ 2,50 bilhões, o que valorizou as ações da empresa em 2%.

    A presidente Dilma Rousseff anunciou nova fase do programa de concessões em obras de infraestrutura como rodovias, ferrovias, aeroportos e portos. Além disso, o governo afirma que o corte no Orçamento Governamental deverá ser anunciado nesta quinta-feira (21). Ambas as medidas buscam recuperar a economia brasileira, que apresenta características recessivas.

    Nessa semana será divulgada a taxa de desemprego de abril e o Fluxo Cambial Estrangeiro.

    Post em parceria com Álex Mondl von Metzen, graduando em economia pela Fundação Getulio Vargas e consultor pela Consultoria Junior de Economia

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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