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    Caro Dinheiro

    O dinheiro desperdiçado com as falsas aparências

    13/06/2015 02h02

    Todo mundo sabe como é desconfortável ser apresentado a alguém e, logo após alguns breves instantes, perceber que a pessoa não gosta de você. Por mais que a leitura do outro seja precipitada, isso é inerente à nossa condição humana.

    Você nota que não é bem quisto pelo olhar que a pessoa te lança ou mesmo pela forma como gesticula ou movimenta o corpo. Perguntar algo e ver a pessoa balançando os ombros e evitando o olhar é claramente uma demonstração de desdém. 

    A reflexão sobre o tema pode parecer irrelevante, mas tem sua razão de ser porque são através de exemplos como estes que podemos notar como nosso cérebro faz julgamentos o tempo todo, alguns voluntários e outros não. É justamente a parte que não controlamos que influi diretamente em decisões importantes que tomamos diariamente. 

    Exemplo disso foi um experimento feito pelo psicólogo Alex Todorov e posteriormente aprimorado por cientistas políticos. Ele demonstrou que somos biologicamente capazes de estimar, simplesmente olhando para um estranho, até que ponto ele é ameaçador e até que ponto é confiável. Indícios pequenos poderiam ajudar neste julgamento, como um queixo com formato quadrado, por exemplo. Ainda que este tipo de leitura seja cheio de falhas, essa capacidade pouco aperfeiçoada inconscientemente interfere em nossas escolhas. 

    Para provar seu ponto, ele selecionou fotos de políticos –fora de contexto eleitoral– e as expôs por décimos de segundos a um grupo de alunos. Com base nessa breve exposição, pediu a eles que classificassem as pessoas de acordo com vários atributos, entre eles, competência. Mais tarde, em 70% das eleições de países diversos, o ganhador foi aquele cujo rosto recebeu maior classificação de competência no experimento. 

    Posteriormente, cientistas políticos verificaram que eleitores mal informados e que assistem muita televisão estão mais sujeitos ao efeito da impressão evocada pela face. 

    Mas, como dissemos acima, este tipo de julgamento é feito com base em uma capacidade biológica que possuímos, porém cheia de falhas. Assim como uma pessoa com má impressão a seu respeito pode rever os (pré)conceitos ao lhe conhecer melhor, nada lhe garante que a pessoa que você elegeu com base no que julgou a partir de seu rosto corresponderá suas expectativas.

    Agora pense em quantos outros exemplos esses julgamentos rasos podem lhe prejudicar. Em uma negociação, se você não estiver vigilante, um sorriso falso ou uma expressão amigável e confiante podem lhe seduzir e te fazer fechar um negócio ruim.

    Em um processo seletivo, você pode deixar de escolher o melhor candidato para a sua empresa por deixar-se influenciar por um julgamento praticamente inconsciente. Fique mais atento, as aparências não só enganam, como também levam o seu dinheiro.

    Post escrito em parceria com Karina Alves, editora do site Finanças Femininas

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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