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    Caro Dinheiro

    Estudo mostra que a renda fixa ganha da Bolsa no longo prazo no país

    20/07/2015 02h00

    A comparação entre os ganhos da renda fixa e da variável é tema de diversos estudos. No mercado, a maioria das interpretações sugere que a renda variável supera a renda fixa no longo prazo.

    Em finanças, a relação entre a volatilidade e a rentabilidade dos ativos é conhecida como risco-retorno. A teoria indica que, por mais que no curto prazo investimentos mais incertos tenham possibilidades de retornos maiores, ao longo do tempo o risco pode ser diluído e, assim, seria mais provável que houvesse sucesso, tornando a renda variável superior à fixa.

    O problema é que grande parte dos que sustentam a Bolsa lança mão da teoria ou de explicações, mas não faz os cálculos levando em conta que o Brasil historicamente possui as maiores taxas de juros do mundo. Nesse caso, torna-se possível que uma aplicação de baixo risco (CDB, Tesouro Direto) que remunera o CDI (100%) antes dos impostos seja mais rentável do que uma de risco elevado, como a Bolsa.

    Para analisar o caso com dados empíricos, realizamos um estudo que considera o CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro) como representante da renda fixa e o Ibovespa como índice de renda variável para que seus retornos sejam comparados em diferentes horizontes de tempo.

    Foram analisadas diferentes janelas de investimento dentro dos últimos 21 anos para os dois ativos sugeridos em mais de 52 mil simulações, as quais já levam em conta o valor líquido de cada aplicação, descontando impostos e incluindo dividendos quando cabível. A tabela ao lado apresenta a proporção de vitórias do Ibovespa ou do CDI em cada um dos cenários.

    Comparação renda fixa X dólar

    Para qualquer janela de tempo considerada, a renda variável perde para a renda fixa. Há tendência maior de perda no longo prazo, chegando a 100% das vitórias para o CDI nas simulações com prazo acima de 18 anos.

    Em dez anos, o Ibovespa é melhor apenas em 44% das 2.761 combinações realizadas. Já para 15 anos, a vantagem cai para 23%, e, em 16 anos, para apenas 7%.

    Muitos afirmarão que os resultados mostram uma anomalia e que pode ser que as altas taxas de juros de períodos anteriores acabariam por resultar em uma renda fixa mais rentável. De fato, a causa pode ser considerada verdadeira, mas também não se pode esquecer e muito menos negar que a economia brasileira é repleta de jabuticabas e que essas pequenas exclusividades acabam resultando em um mercado em que a renda fixa se mostrou a melhor opção não só no longo mas também no curto prazo.

    É evidente que a avaliação aqui apresentada considera dados passados e que o futuro é imprevisível. Contudo, com a atual situação da economia, não é de duvidar que as comparações venham a permanecer no mesmo ritmo ainda por um bom tempo.

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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