Todos somos desonestos, de acordo com estudos de psicologia e economia comportamental recentes. Mas existem níveis diferentes de desonestidade? O que separa a pessoa que leva algumas canetas do escritório para casa dos indiciados da operação Lava Jato?

De acordo com pesquisas recentes, o nosso julgamento pessoal só considera as "grandes trapaças" como erradas. Os pequenos gestos fazem parte do dia a dia e muitos não chegam a perceber que cometeram um ato desonesto. Ou seja: se todo mundo rouba os materiais de escritório, você acha que não tem problema roubar também.

Frente a tudo isso, e se todo mundo é desonesto, como manter a fé na humanidade?

Segundo pesquisa realizada por Dan Ariely (Universidade Duke), os 10 Mandamentos podem ajudar. A ideia do estudo era simples: testar se as pessoas colam menos nas provas se elas são relembradas dos 10 Mandamentos antes da prova.

O teste foi realizado com alunos da Universidade da Califórnia. No grupo de controle, os alunos faziam uma prova de matemática e depois entravam em um concurso. Se eles vencessem o concurso, ganhavam US$ 10 para cada acerto.

Outro grupo tinha que anotar em um papel separado o número de respostas corretas e jogar fora a prova original - e, assim, tinha a oportunidade perfeita para "exagerar" os acertos. Já o terceiro grupo funcionava como o anterior, mas, antes de iniciar a prova, eles tinham que listar os 10 Mandamentos da Bíblia que conseguissem se lembrar.

No grupo de controle, quando não havia a oportunidade de roubar, os participantes tiveram uma média de 3,1 acertos. No segundo grupo, a média foi de 4,1. E o grupo que teve que se lembrar dos 10 Mandamentos? A média deles foi igual à do grupo de controle, com 3 acertos. Ou seja: ao serem lembrados dos Mandamentos, eles não cometeram o "crime perfeito" nem exageraram nas respostas para ganhar alguns dólares a mais.

O mais interessante foi que a maioria dos alunos não conseguia nem se lembrar de todos os Mandamentos. A ideia do exercício era verificar se ele evocaria a ideia de honestidade entre os alunos - e foi esse o resultado obtido.

Se você prefere manter a religião fora do debate, Ariely realizou outro estudo semelhante, mas trocou os 10 Mandamentos pelo Código de Honra da universidade (que, na realidade, não existe). O resultado foi o mesmo - ao serem relembradas de princípios éticos, as pessoas tendem a ser mais honestas.

Se você tem um problema com a honestidade de seus funcionários, pares, ou mesmo familiares, que tal tentar replicar o estudo? Os 10 Mandamentos da Bíblia ou o Código de Honra da sua empresa ou instituição podem ajudar com o problema.

Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista, fundadora do site Finanças Femininas e coautora do livro "Finanças femininas - Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos" (Saraiva)