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    Caro Dinheiro - Samy Dana

    Você sabe o que pedir em um bar?

    20/08/2015 02h00

    Muita gente sofre para escolher o que pedir em um bar ou restaurante, especialmente se o cardápio for longo e houver muitas opções. Essencialmente, o problema gerado ali é o medo de se arrepender na hora de tomar uma decisão. Será que eu devia ter pedido outro prato? Será que eu pedi bem?

    Acreditamos que os nossos pedidos foram escolhidos com base em uma decisão pessoal —o tipo de comida ou bebida que você prefere e as vontades que sente. No entanto, a economia comportamental não acha que somos seres racionais e afirma que muitas de nossas decisões são tomadas de forma irracional. Ou seja: você nem sempre sabe o que quer.

    Para avaliar se a presença de outras pessoas na nossa mesa influencia o nosso pedido em um bar, Dan Ariely e Jonathan Levav realizaram um estudo em um bar repleto de alunos da Universidade da Carolina do Norte.

    Em um primeiro grupo, os alunos deviam escolher entre quatro tipos de cerveja e pedir para o garçom. Após a degustação, eles deviam preencher uma pesquisa sobre se haviam gostado da cerveja e se estavam arrependidos. Em outro grupo, os alunos deveriam escrever o pedido, em vez de anuncia-lo ao garçom, e responder à mesma pesquisa.

    Os resultados foram claros: quando os pedidos eram ditos ao garçom, mais tipos de cerveja eram escolhidos. Cada um dos alunos queria pedir uma cerveja diferente —mas a satisfação geral era menor (exceto a do primeiro a pedir, que sempre podia escolher a cerveja que preferisse). Os demais se sentiam na obrigação de pedir uma cerveja diferente. Já no segundo grupo, a diversidade de cervejas pedidas era menor, mas a satisfação do grupo era bem maior.

    Em resumo, nós priorizamos a nossa necessidade de sermos "únicos" ao escolher um tipo de bebida, em detrimento da nossa preferência real. É aquela situação em que ninguém na mesa quer pedir igual aos outros, para mostrarmos exclusividade.

    Para testar se o resultado seria diferente em outras culturas onde a necessidade de sermos únicos não é considerada algo positivo, o estudo foi repetido em Hong Kong. Nesta nova versão, os participantes também acabavam pedindo pratos de que não gostavam tanto, mas desta vez para poder repetir as decisões de seus colegas.

    Para os restaurantes e bares aumentarem a satisfação real dos seus consumidores, conclui o estudo, seria melhor fazer com que cada cliente escrevesse o seu pedido e entregasse o papel ao garçom. Se a sugestão parece difícil de colocar em prática, que tal então adotar o hábito de contar o seu pedido para a sua mesa antes mesmo de o garçom chegar?

    Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista, fundadora do site Finanças Femininas e coautora do livro "Finanças femininas - Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos" (Saraiva)

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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