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    Caro Dinheiro - Samy Dana

    Receita para vencer a procrastinação

    10/09/2015 02h00

    É como começar uma tarefa importante, mas trabalhosa: a gente checa e recheca o e-mail, olha a agenda, verifica os compromissos importantes e avalia se terá tempo, de fato, para concluir aquilo. Tudo por mais cinco minutos antes de ter que, de fato, iniciar a tarefa. Qualquer demanda que surgir no meio tempo vai ser atendida com mais urgência, e o que era importante fica sempre para depois...

    Esse é o exemplo clássico de procrastinação, mas não é o único caso desse mal na nossa vida. Pelo contrário, somos todos vítimas da procrastinação: quando deixamos a dieta e a academia para segunda, quando a ideia de começar uma poupança parece tão atraente e difícil que fica sempre para o mês que vem, ou quando não temos tempo para o check up médico.

    Quando quem assume a direção é o impulso e as vontades de momento, quem sofre é o nosso futuro.

    Quem já estudou um pouco sobre dietas sabe que a recomendação de comer devagar tem um embasamento científico: nosso cérebro demora 20 minutos para entender que estamos saciados, um mecanismo que é uma herança evolutiva e nos permite comer mais do que precisamos para garantir que temos um pouco de gordura extra.

    Essa gordura poderia ser ótima para os tempos das cavernas, quando não sabíamos quando seria a próxima caça, mas que hoje, com nossos supermercados e restaurantes, tornou-se não apenas inútil, mas também uma verdadeira inimiga da balança.

    Assim, quem come por impulso, acaba sempre comendo mais do que precisaria. E quem não pensa no que vai comprar gasta mais do que devia. Temos uma dificuldade de priorizar o futuro, quando as tentações do presente são tão interessantes (e saborosas). Curtir a preguiça no sofá, repetir o pedaço de bolo, comprar um sapato novo na promoção...

    O problema é que o que a gente deixa para depois raramente consegue ser realizado. Os exames de prevenção ficam atrasados e quando vemos, estamos com um problema de saúde. A ideia de uma poupança para a casa nova ou a aposentadoria nunca se concretiza. A dieta sempre fica para a próxima segunda.

    No entanto, como podemos deixar a procrastinação de lado e começar, de fato, a cuidar melhor de nós mesmos? Afinal, todos queremos ser magros, ricos e saudáveis. Uma contribuição da economia comportamental para o problema milenar parece simples, mas pode ser poderosa: pequenos "brindes", ou reforços positivos para cada meta dolorosa que temos que cumprir.

    Quer um exemplo? Um dia para furar a dieta a cada tantos dias de alimentação regrada. Uma ida para a churrascaria a cada tantas semanas disciplinadas na academia. Para as nossas finanças, um presente para nós mesmos de até certo valor para tantos reais economizados.

    Se o que é melhor no curto prazo pode virar um problema no longo prazo, e se falta motivação para ir atrás do que você sabe que precisa (ou quer) realizar, este tipo de mecanismo pode ser o empurrão que estava faltando.

    Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista, fundadora do site Finanças Femininas e coautora do livro "Finanças femininas - Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos" (Saraiva)

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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