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    Caro Dinheiro - Samy Dana

    A solidariedade pode ajudar você a atravessar a recessão econômica

    04/10/2015 02h00

    Quando somos crianças, uma das primeiras lições que aprendemos com os pais e também no jardim de infância é a importância de dividirmos o que temos com os colegas de classe.

    De início, alguns pequenos podem mostrar mais resistência do que outros para aceitar a ideia, mas aos poucos eles vão entendendo que podem experimentar um brinquedo diferente se toparem emprestar aquela bola ou boneca ao colega. Nascem aí as primeiras lições de escambo, permuta e de como a prática pode beneficiar os dois lados.

    Ao longo da vida, no entanto, esses valores que são passados com tanta determinação parecem perder força em nosso inconsciente. Os princípios que norteiam as decisões são completamente diferentes. O sujeito abre uma empresa hoje e, antes de pensar em crescimento sadio e sustentável, quer logo bolar estratégias para superar a concorrência.

    Quando as coisas vão bem, a economia está com a saúde em dia e o dinheiro entra sem problemas, as pessoas não demonstram muita preocupação em ajudar parceiros e fornecedores, mas sim em como tirar o maior proveito de todas as situações possíveis.

    Em vez de agirmos de acordo com os princípios que aprendemos na escola, fazemos exatamente o oposto, parecendo a criança mimada que não aceita dividir o brinquedo e ainda quer tomar o dos outros.

    Em contrapartida, a crise financeira e os momentos de dificuldade aparecem para nos ensinar a mudar o pensamento e a buscar uma postura diferente. Durante a crise financeira, tem crescido o interesse de empresas que procuram a permuta para evitar a inadimplência.

    Com pouco dinheiro em caixa e o consumo retraído, uma alternativa para garantir a manutenção das empresas é pensar em relações de permuta com parceiros e fornecedores.

    No Brasil, existe uma rede social chamada Bliive, em que o tempo é usado como moeda de troca. Você oferece uma hora de aula como personal trainer, por exemplo, e recebe crédito para trocar por outro serviço que interesse. Sendo assim, mesmo sem dinheiro em caixa você pode usar o conhecimento que tem para trocar por uma aula de idiomas, por exemplo.

    De forma semelhante, existem empresas no mercado que fazem a intermediação de outras companhias interessadas em trocar serviços, como é o caso da Permute. A escola de idiomas Cultura Espanhola ofereceu vagas ociosas em alguns cursos em troca de divulgação de mídia.

    A utilização de permutas permite que as empresas criem relações mais sólidas e benéficas com parceiros, fornecedores e clientes. Mais do que simplesmente surgir como uma alternativa à crise, o modelo de negociação pode servir como lição para que o consumo e o crescimento financeiro sejam pensados de modo mais sustentável.

    No fim das contas, estamos aprendendo da pior maneira que não é prudente deixar de lado o que aprendemos na infância sobre solidariedade.

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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