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    Caro Dinheiro - Samy Dana

    Com a valorização do dólar, vale a pena aplicar em fundos cambiais?

    12/10/2015 02h30

    Acompanhar o noticiário e ver o dólar tão valorizado pode ser desanimador, já que a alta da moeda americana pressiona ainda mais a inflação do país -atualmente em 9,49% nos 12 meses encerrados em setembro, segundo o índice oficial, IPCA.

    Para quem fazia planos de viajar ao exterior, o movimento de elevação da divisa pode fazer com que os planos de férias sejam revistos.

    Por outro lado, também leva muitos a pensarem em como se beneficiar das oscilações da taxa de câmbio. E, ainda que a ideia faça sentido, as coisas não são tão simples assim.

    Gerentes de bancos e parte dos especialistas costumam recomendar fundos cambiais para quem deseja investir em moeda estrangeira, como euro e dólar.

    Por definição da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), esse tipo de fundo investe pelo menos 80% da carteira em ativos relacionados ao dólar ou ao euro. O restante deve ser alocado em títulos e aplicações de renda fixa.

    Antes de tomar uma decisão, no entanto, é necessário considerar alguns fatores. Em primeiro lugar, o rendimento dessas aplicações não necessariamente vai acompanhar o desempenho da moeda de interesse do investidor.

    É possível, por exemplo, que o fundo esteja fazendo operações com o euro em uma semana em que a moeda teve baixa, enquanto o dólar teve grande valorização. Assim, o investidor que aplicou no fundo mirando a valorização do dólar verá seu rendimento acompanhar as baixas do euro, e não a alta do dólar.

    Os gestores do fundo também podem optar por vender uma moeda apostando na desvalorização e serem surpreendidos pela alta da cotação, deixando o investidor no prejuízo.

    Todo o trabalho desempenhado pelos gestores também eleva as taxas de administração dos fundos cambiais, reduzindo os ganhos dos investidores desses fundos.

    Além disso, é preciso considerar que os juros brasileiros estão em alta. Logo, ao aplicar em um fundo cambial, o investidor perde a oportunidade de ganhar com as taxas altíssimas na renda fixa -atualmente, a taxa básica Selic está em 14,25% ao ano.

    Fique de olho. Nem sempre o que parece mais vantajoso pelo noticiário se traduz em vantagens reais para quem investe. É preciso ponderar os riscos e o retorno.

    Se a alta da moeda norte-americana já tem causado transtornos para a população nas despesas do dia a dia -que estão mais elevadas por causa da inflação-, melhor não deixar que a instabilidade cambial afete também os seus investimentos.

    caro dinheiro

    Escreveu até novembro de 2015

    por samy dana

    Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.

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