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    Cidadona Roberto de Oliveira

    Mãe África

    15/03/2015 02h00

    Nos tempos de menino, dois sopros criativos já anunciavam que o mundo de Alexandre Veronese logo se sobreporia à geografia da Vila Prudente, na zona leste. O primeiro sinal ecoou de uma música preferida de sua mãe, Ângela Conceição Castilho, que até nas cantigas de ninar incorporava versos do "Canto das Três Raças", de Clara Nunes, que começa assim: "Ninguém ouviu/Um soluçar de dor/No canto do Brasil".

    Enquanto ouvia estrofes, que versavam sobre índios, negros e inconfidentes, Alexandre punha-se no incessável exercício de manipular lápis sobre papel. Dele, surgiu seu primeiro desenho, que nada teve a ver com a canção: foi um porquinho tocando viola, referência à vitória do Palmeiras contra o Corinthians dos tempos do jogador Viola, copiado de uma charge de jornal na banca.

    O rapaz fez sete cópias. Cada uma delas foi vendida a R$ 0,25 para amigas de Ângela. Conforme as moedas caíam no bolso, ia se dando conta de que seu barato não era o futebol. Recordou a letra celebrada pela mãe: "Negro entoou/Um canto de revolta pelos ares/No Quilombo dos Palmares/Onde se refugiou". Bingo! Era sobre a África que queria aprender, falar e, mais que tudo, pintar.

    "A cultura negra sempre esteve muito presente na minha vida", diz o moço de pele branca e sobrenome de pintor renascentista italiano que tratou logo de adotar um nome artístico: Alexandre Keto, 27, em homenagem ao orixá Oxóssi do candomblé, rei de Ketu, no Benin, África. O artista tem apreço por mães africanas, coloridas em muros, casas e terrenos baldios de favelas no Jaçanã, em Vila Nova Cachoeirinha e no Capão Redondo. Em 2011, foi convidado a participar do Fórum Social Mundial de Dacar, no Senegal. A partir daí, sua "street art" tomou as ruas da África e da Europa. Há trabalhos do paulistano na Mauritânia, no Senegal, no Benin e em Gana, bem como em bairros e regiões de imigrantes africanos de Londres e Lisboa. Perto da estação Chateau Rouge, de Paris, sua mãe África se mistura a matizes do local.

    Pintadas de perfil, as mães africanas de Keto são, em boa parte, gestantes e sempre muito coloridas.

    Confundido com "árabe" na Europa, identificado como "gringo" na África, ele diz que sua arte pretende "erguer a voz em defesa da influência africana na cultura brasileira" e conclui: "Os desenhos ainda estão muito afro. Talvez tenha mais de Brasil em breve. Afinal, vamos receber muito mais africanos por aqui".

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    NÃO QUERO NEM COMO VIZINHO

    Panelas e panelaço. Além de amassar o utensílio e riscar a parede, essa batição não vai mudar o país. É muito barulho por nada. Para sorte do meu filho, que tem dor de cabeça, aqui onde moro não rolou essa barulheira!

    Elisangela de Mello, 48, professora. Pirituba

    Divulgação

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    NUMERALHA

    1,5 mi
    de pessoas circulam por dia na avenida Paulista, que será palco neste domingo (15) de manifestações contra o governo Dilma

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    DIA DE DOMINGO

    Ze Carlos Barretta/Folhapress

    Luiza Possi, 30, cantora e compositora

    MANHÃ
    Assisto ao canal Off com meus cachorros queridos, Tunico, 5, e Judith, 7, no meu apartamento, em Cerqueira César.

    TARDE
    Vamos passear no Ibirapuera. Depois, em algum momento, almoço com alguma amiga, mãe ou tio, possivelmente no Ritz, da alameda Franca, nos Jardins.

    NOITE
    É mais tranquila. Gosto de tirar o tempo para mim, ficar em casa e compor.

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    MEU LOOK É ASSIM...

    ... "Misto de moderno e chique. Tive fase mais clássica, roqueira e ainda pop, mas, na atual, eu priorizo roupas mais arrojadas."

    Amanda Françozo, 35, apresentadora, Brooklin

    Felipe Gabriel/Folhapress

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