Tem gente que tem amigo invisível, bicho de estimação invisível e tal. Altas conversas rolam com esses amigos imaginários, que muitas vezes vêm preencher algum vazio existencial ou o tédio de cada dia. Na infância, são mais comuns, mas conheço muito adulto que ainda conversa com amigo invisível.

Benjamim tem um cachorrinho de estimação imaginário, o King. É filho do Dito, cachorro que mora na casa de sua avó. Na verdade, é o próprio Benjamim que faz de conta que é um cachorro, o King, quando vê o Dito.

King sempre aparece querendo atenção. Dá a pata, deita-se de costas para a gente coçar sua barriga e, quando o Dito volta do banho no pet shop, King coloca sua gravata borboleta para ficar igual ao pai e receber os mesmos carinhos. Também gosta muito de beber água em sua tigelinha. E, como é grande, colocamos a água num degrau da escada, para ele alcançar o pote.

	Andrés Sandoval

Talvez o King não se encaixe exatamente na categoria de amigo invisível por ser visível, mas enfim.

Eu tenho o Gato Selvagem. Ele mora dentro de mim desde pequena. Todos os vestidos lindos que eu tinha foram roídos, mordidos e furados pelo Gato Selvagem. "O que aconteceu com este vestido aqui, todo furado?", perguntava minha mãe. "Foi o Gato Selvagem."

Hoje ele me arranha. Todo dia me deparo com uma casquinha ou um arranhão em algum lugar estranho do meu corpo. Quem foi?

Foi o Gato Selvagem, oras!