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    Clarice Reichstul

    Casa formigueiro

    29/03/2014 00h01

    Todas as noites, elas teimam em aparecer. Já tentei de tudo para acabar com elas: isca, dedetização, mas as formigas minúsculas continuam firmes e fortes. Até parecem as baratas do Zé Gonzales (que ficam ali nos quadrinhos da "Ilustrada"), que gostam mesmo de inseticida Baratox.

    No caso das baratas, eu descobri o melhor repelente: os gatos. Elas viram brinquedo dos bichanos. Mas o nosso problema são mesmo as formigas.

    Suspeito que as paredes da nossa casa sejam todas ocas, transformadas num fenomenal formigueiro de que é impossível se livrar. Antes de dormir, olho em cima da pia, embaixo da geladeira, no batente da porta (onde eu já sei que é uma das entradas para o grande mundo das formigas). Mas elas são espertas. Durante essa ronda, não dão um pio, não aparecem, fingem que estão todas mortas.

    É só eu apagar a luz que elas atacam, já fiz o teste. E o pior: mesmo que eu volte e acenda as luzes, já não importa -elas ficam por ali, afinal estão no horário delas.

    No fundo, tenho simpatia pelas formigas. Aquela fila organizada, a determinação em trazer a comida para o formigueiro, não importa os obstáculos, é impressionante. Outro dia, numa dessas voltas à cozinha, deparei-me com um grão de ração ambulante, vagaroso, mas móvel. Fui olhar de perto, era um bando de formigas levando o treco para dentro do batente da porta.

    Ê! Inseto trabalhador esse, hein?

    Andrés Sandoval

    clarice reichstul

    Escreveu até outubro de 2014

    Formada em cinema pela Faap, tem macaquinhos no sótão, orelhas de abano, língua de trapo e ideias de girino (às vezes de jerico também).

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