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    Claudia Costin

    A Base e os seus desafios

    22/12/2017 02h00

    Rivaldo Gomes/Folhapress
    Escola estadual Antonio Vieira de Souza, em Guarulhos, na Grande São Paulo
    Sala de aula da Escola Estadual Milton da Silva Rodrigues, na zona norte de São Paulo

    O Brasil, assim como os países mais avançados em educação, tem agora uma Base Nacional Curricular que define direitos de aprendizagem das crianças e adolescentes até o final do ensino fundamental. Essa condição é necessária para poder melhorar a qualidade do ensino e garantir equidade. Mas certamente não é suficiente.

    Apesar de ter sido um avanço importante, o desafio maior começa agora. Primeiro porque a Base ainda não está completa. Falta a parte referente ao ensino médio, a ser completada no primeiro trimestre de 2018, e a tradução da Base em currículos subnacionais, ou seja, de Estados e municípios, que deverão ser mais precisos e detalhados. Também precisarão, se quiserem ter chances de nortear as atividades em sala de aula, ser elaborados em parceria com os professores.

    Além disso, o maior desafio começa agora, segundo especialistas experimentados em processos semelhantes, como a professora Rebecca Kockler, gestora do departamento de educação de Louisiana, nos Estados Unidos, que obteve recentemente resultados educacionais impressionantes.

    Segundo Kockler, a elaboração de materiais curriculares, a formação dos professores para a utilização dos currículos e a preparação de avaliações de aprendizagem precisam ser implementadas de forma adequada.

    Nesse sentido, é alvissareiro o que, sob a liderança de Alexandre Schneider, a cidade de São Paulo pôde realizar, ao elaborar seu currículo municipal para o ensino fundamental, levando em conta a versão mais atualizada da Base. Um elemento de destaque foi o processo de elaboração: os professores foram ouvidos, por disciplinas e escolas; além disso, houve uma escuta organizada de cerca de 46 mil alunos sobre como gostariam que as aulas fossem conduzidas.

    O currículo, que inclui materiais instrucionais para professores e alunos e ferramentas testadas de avaliação de aprendizagem, é bastante contemporâneo, contemplando competências para o século 21.

    Trabalha tópicos como empatia, resiliência e persistência, sem deixar de ter altas expectativas de aprendizagem para todos. Contém também uma parte referente a modernas tecnologias, e ambientes de aprendizagem especialmente projetados estão sendo criados para isso, num processo que influenciou o governo federal a igualmente contemplar o tema na Base.

    Agora, outras cidades começam a preparar seus currículos. Muitas irão fazê-lo em colaboração com seus Estados, mas todas podem contar com a iniciativa de pioneiros como Schneider para se inspirar –afinal, na implementação, em São Paulo, erros e acertos ocorrerão, mas os resultados positivos serão certamente escaláveis.

    claudia costin

    É professora da FGV e professora-visitante de Harvard. Foi diretora de Educação do Bird, secretária de Educação do Rio e ministra da Administração. Escreve às sextas-feiras.

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