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    Cláudia Collucci

    Os desafios de Haddad na saúde

    02/01/2013 03h00

    Não são poucos os desafios do prefeito Fernando Haddad na área da saúde, o principal problema da cidade, segundo várias pesquisas de opinião. Em 2011, 60% dos moradores da cidade consideraram o setor ruim ou péssimo (eram 53% em 2007).

    Demora no atendimento, falta de médicos e dificuldade de consulta com especialistas são as principais queixas. A capital paulista tem 4,5 milhões (40%) de pessoas que dependem única e exclusivamente do SUS.

    Segundo especialistas em gestão, um problema central do sistema de saúde no município é a fragmentação do atendimento.

    As AMAs (Assistência Médica Ambulatorial), unidades intermediárias entre a atenção básica e o pronto-socorro, não estão devidamente integradas às UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e ESFs (Estratégias da Saúde da Família) e, com isso, perde-se a continuidade do tratamento.

    Talvez pela baixa eficiência dos tratamentos, a população ainda desconfia das AMAs. Há também poucas AMAs E (de especialidades) e 24 horas. Isso tudo faz com que as pessoas continuem procurando os prontos-socorros, mesmo em casos não urgentes. Elas sabem que nesses locais o atendimento pode demorar, mas dali sairão medicadas.

    Pouco se falou sobre isso durante a campanha eleitoral. Todo o debate (muitas vezes inútil) ficou focado na polêmica das OSs (Organizações Sociais), o que também ainda é uma incógnita.

    Afinal, Haddad vai promover mudanças no modelo atual? Haverá aperfeiçoamento, principalmente no que diz respeito a uma fiscalização mais efetiva de gastos e metas de atendimento nas unidades geridas por essas organizações?

    Outra questão que ficou sem respostas concretas são os três hospitais prometidos e não entregues pela administração de Gilberto Kassab. Eles serão construídos? Em que prazo? Haverá verba pública suficiente ou serão feitas parcerias com o setor privado?

    Enfim, a lista de demandas é imensa, mas urgente mesmo é a reorganização do sistema, a integração da rede de saúde e o respeito à população usuária.

    É preciso assegurar não só o primeiro acesso, mas a continuidade do cuidado em saúde em todas as modalidades. Diminuir as filas e estipular padrões com o tempo máximo de espera nos serviços deveria ser outra prioridade de Haddad.

    Não é possível uma consulta com um especialista continuar demorando meses para ser agendada ou, às vezes, nem acontecer.

    A verdade é que a saúde municipal não precisa ser reinventada a cada eleição. Necessita sim ser fortalecida com foco na promoção da saúde e na ampliação do acesso com qualidade.

    cláudia collucci

    É repórter especial da Folha, especializada em saúde. Autora de "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de 'Experimentos e Experimentações'.
    Escreve às terças.

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