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    Cláudia Collucci

    Mais impostos para os "podritos"

    29/05/2013 03h00

    As autoridades nacionais de saúde deveriam estudar possíveis impostos sobre os alimentos e bebidas com altos níveis de sal, açúcar e gorduras saturadas como forma de reduzir a obesidade no mundo.

    A recomendação está num plano de ações que a Organização Mundial da Saúde aprovou durante a Assembleia Mundial da Saúde, que terminou ontem em Genebra. O principal foco é a prevenção de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes.

    Segundo a OMS, 36 milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo por doenças como câncer, diabetes e hipertensão, muitos dos casos associados à obesidade. A meta do plano é a redução de 25% das mortes até 2025.

    Além de mais impostos aos "podritos", o plano propõe modificações de hábitos de vida, como tabagismo, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas e de alimentos prejudiciais à saúde, como forma de conter o aumento da obesidade no mundo até 2020.

    Com já sabíamos, entre os países ricos, os Estados Unidos lideram o ranking de obesos. A Nova Zelândia vem em seguida. Na América Latina, os países mais afetados pela obesidade são México, Argentina, Cuba e Brasil.

    O plano também pediu às autoridades nacionais um controle maior da publicidade de comidas e bebidas prejudiciais à saúde dirigida às crianças, com o objetivo de reduzir a obesidade infantil. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) chegou a aprovar uma norma que previa a exigência de alertas em anúncios de alimentos com muito sódio, gordura e açúcar. A regra, porém, foi contestada na Justiça e não entrou em vigor.

    A Aliança Internacional de Alimentos e Bebidas (IFBA), integrada por grandes empresas do setor, como Coca-Cola, Kellog's, McDonalds, Nestlé, Pepsico ou Unilever, afirma apoiar o plano da OMS, mas não concorda com a ideia de novos impostos.

    O grupo advertiu que isso poderia estimular as pessoas mais pobres a comprar produtos mais calóricos e menos nutritivos.

    Apesar de ser improvável que países como o Brasil sobretaxem alimentos prejudiciais à saúde, a proposta da OMS toca num ponto importante e que merece ser discutido com mais afinco pela sociedade.

    O problema da obesidade e do aumento galopante das doenças crônicas associadas a ela pertence a todos nós, magrinhos ou gordinhos. São anos e anos mal vividos ou encurtados por doenças evitáveis e uma conta cada vez mais alta aos sistemas de saúde. E não se vê no front nenhuma política pública consistente para reverter esse perverso cenário.

    cláudia collucci

    É repórter especial da Folha, especializada em saúde. Autora de "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de 'Experimentos e Experimentações'.
    Escreve às terças.

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