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    Cláudia Collucci

    Idosos são as principais vítimas dos atropelamentos com morte

    26/08/2014 03h00

    Em uma semana, dois idosos foram mortos por atropelamento em São Paulo. O primeiro, Alvaro Teno, 67, era maratonista. Morreu enquanto treinava nas alamedas da Cidade Universitária da USP.

    A segunda vítima era Glemecir Milsoni, 72, sobrevivente de um câncer de laringe que havia adotado havia cinco anos o hábito de caminhadas diárias no parque do Ibirapuera. Foi morto ao atravessar a av. República do Líbano no último sábado.

    Infelizmente, não são casos isolados. Ao menos um idoso morre atropelado todos os dias no país. Segundo dados do Ministério da Saúde, eles são hoje as principais vítimas desse tipo de acidente de trânsito, respondendo por 36% dos casos de atropelamentos com morte.

    São várias as causas, entre elas atitudes criminosas de motoristas em alta velocidade (como nas situações relatadas acima), trânsito caótico, falta de mobilidade urbana e imprudência de idosos que não respeitam a legislação do trânsito e atravessam no sinal vermelho ou fora a faixa de segurança.

    Somam-se a isso todas as alterações fisiológicas que chegam com o envelhecimento, como perdas da visão e da audição, dificuldade de locomoção, aumento do tempo de reação e queda na velocidade de julgamento. Ou seja, o idoso pode avaliar que o carro está longe e dá tempo para atravessar a rua, quando na verdade não dá.

    Há muito o que fazer em termos de mudanças do espaço urbano e de educação do pedestre, motorista, motociclista e ciclista.

    Pequenas atitudes já provaram uma redução considerável no número de acidentes. Em 2009, a CET fez um estudo de caso na avenida Jabaquara, zona sul de São Paulo, e promoveu uma série de mudanças para diminuir o número de atropelamentos.

    Entre elas, houve a implantação de faixa de pedestre em frente a estação do metrô (muitos idosos não iam até a esquina para atravessar na faixa) e o aumento de tempo de travessia (normalmente eles precisam de mais tempo do que aquele programados nos semáforos). Um ano depois, caiu pela metade o número de atropelamentos e mortes.

    Graças ao avanço da medicina, de mudanças de estilo de vida e das condições sanitárias, as pessoas estão vivendo mais. A expectativa de vida que, em 1940, era de 45 anos hoje é de 74. E continuará subindo assim como o percentual de idosos dentro da população.

    Ninguém tem dúvida da importância das atividades físicas na prevenção de doenças e no processo de um envelhecimento ativo. Mas hoje, mesmo tendo condições físicas, muitos idosos temem frequentar parques e praças pela falta de segurança das grandes cidades.

    Em casa, sedentários, diminuem o tempo de vida saudável e tornam-se rapidamente dependentes de cuidados de terceiros. Todo mundo perde: o próprio idoso, a família e o Estado. Morrer todos nós morremos um dia. Mas ninguém precisa ter a vida abreviada pela imprudência e irresponsabilidade do outro.

    cláudia collucci

    É repórter especial da Folha, especializada em saúde. Autora de "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de 'Experimentos e Experimentações'.
    Escreve às terças.

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