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    Cláudia Collucci

    Adolescentes devem usar DIU?

    28/10/2014 02h00

    Muitos pais e mães resistem. Alguns ginecologistas também. Mas vários estudos vêm demonstrando que é seguro (e recomendável) o uso do dispositivo intrauterino (DIU) e do implante contraceptivo subcutâneo em adolescentes.

    Por não exigirem disciplina diária da mulher, diferentemente da pílula, métodos de longa ação teriam mais eficácia na prevenção de gravidezes indesejadas, segundo os estudos.

    A última chancela veio da Academia Americana de Pediatria (AAP), que passou a recomendar o DIU e o implante contraceptivo subcutâneo como opções de primeira linha para evitar a gravidez na adolescência –acompanhados de preservativos, para evitar doenças sexualmente transmissíveis.

    No Brasil, o implante subcutâneo não está entre os métodos adotados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para controle de natalidade na adolescência, mas o DIU é disponibilizado para mulheres de todas as idades. Desconheço, porém, como anda a oferta e procura desse método na rede.

    As novas diretrizes foram publicadas no fim de setembro na revista "Pediatrics". Os métodos oferecem proteção contra a gravidez em longo prazo, podendo durar até três anos (implante subcutâneo), e de cinco a dez anos (DIU, dependendo do modelo). A eficácia também é alta: cerca de 99%.

    Mas há alguns senões: com DIUs de cobre, pode haver risco de infecções caso a mulher tenha múltiplos parceiros, não faça exames de rotina ou não use camisinha. O desconforto para a inserção do dispositivo e seus efeitos colaterais (sangramento intenso e duradouro no primeiro ano) são fatores que pesam contra o método.

    Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e do Ministério da Saúde, 536 mil jovens com menos de 20 anos foram mães em 2012. No mesmo ano, a taxa de gravidez entre as mulheres de 15 a 19 anos representou 17,7% do total das gestações.

    Alguns estudos comportamentais mostram que quase 70% dos jovens brasileiros não sabem o período em que a mulher tem mais chances de engravidar, 42% não sabem que a camisinha é o único método que previne, simultaneamente, gravidez e doenças sexualmente transmissíveis e quase 30% acreditam que o coito interrompido é um método contraceptivo eficaz.

    Outro dado importante: metade de todas as gestações não planejadas ocorre em mulheres que estão usando contraceptivos. Elas acontecem, principalmente, por causa da falta de adesão ou do uso incorreto do método.

    Há também outras barreiras que impedem a jovem de se prevenir, como falta de experiência, vergonha de assumir para os pais que precisa de contracepção –e, consequentemente, que já iniciou a vida sexual– e insegurança de exigir do parceiro o uso da camisinha.

    As sociedades de ginecologia têm apoiado a recomendação dos métodos de longa duração para as adolescentes. E você, o que pensa sobre isso?

    Mais informações sobre as recomendações no site da AAP.

    cláudia collucci

    É repórter especial da Folha, especializada em saúde. Autora de "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de 'Experimentos e Experimentações'.
    Escreve às terças.

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