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    Cláudia Collucci

    Saiba reconhecer os riscos de um parto prematuro

    18/11/2014 02h02

    Uma pesquisa inédita da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) mapeou mais de 30 mil nascimentos em 20 maternidades brasileiras e traçou um quadro dos principais riscos para a prematuridade. É o maior estudo de fatores de risco gestacionais e pré-gestacionais para o parto prematuro já realizado no Brasil.

    Alguns dos riscos pesquisados demonstraram ser importantes indicadores para a detecção precoce de um nascimento prematuro. Gravidez múltipla (de gêmeos ou mais bebês), encurtamento do colo do útero, malformação fetal, sangramento vaginal e menos de seis consultas realizadas durante o pré-natal são os maiores fatores de risco tanto para mulheres na primeira gestação quanto para as que já ficaram grávidas antes (veja lista completa abaixo).

    A chance de um parto prematuro também foi maior entre mães com menos de 19 anos e sem um parceiro, que fumam e com algumas infecções durante a gestação.

    O interessante da pesquisa é que ela dá algumas pistas úteis às mães, que podem prestar atenção em alguns sintomas que podem indicar o problema. Sangramento por via vaginal, aumento de cólicas e alguns tipos de corrimento durante a gravidez são sinais de alerta. Quando eles aparecem, é preciso procurar um médico imediatamente. Mesmo que o sangramento tenha parado.

    "Infecções urinárias como cistites e pielonefrites são as mais relacionadas ao parto prematuro", diz Renato Passini Júnior, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Alguns tipos de corrimentos podem indicar vaginose bacteriana, outra causa de prematuridade.

    A taxa média de prematuridade detectada na pesquisa foi de 12,3%, bem parecida com os dados oficiais do país. O índice foi maior na região Nordeste (14,7%) e menor no Sudeste (11,1%). Quase 80% dos nascimentos prematuros ocorreram entre a 32ª e a 36ª semana de gestação e 7.4% antes das 28 semanas. Quanto mais prematuro for o parto, maior o risco de morte e problemas para as crianças que sobrevivem.

    Ficaram de fora desses primeiros resultados, os partos prematuros terapêuticos, aqueles que têm de ser induzidos porque existe algum problema com a mãe, com o bebê ou ambos, caso da pressão alta, por exemplo, que serão publicados no ano que vem.

    Veja abaixo a lista completa dos fatores de risco:

    Para todas as mulheres

    1. Gravidez múltipla (de mais de um bebê): 24 vezes mais risco
    2. Encurtamento do colo: 6 vezes mais risco
    3. Malformação fetal: 5 vezes mais risco
    4. Sangramento vaginal: dobra o risco
    5. Menos que seis consultas de pré-natal realizadas: 1,5 vezes mais risco
    6. Infecções urinárias (cistite, etc): 1,2 vezes mais risco

    Para mulheres que já tiveram uma gravidez

    1. Gravidez múltipla (de mais de um bebê): 29 vezes mais risco
    2. Parto prematuro prévio: 3 vezes mais risco
    3. Encurtamento do colo: 3 vezes mais risco
    4. Malformação fetal: 2,5 vezes mais risco
    5. Aumento do volume de líquido amniótico: 2.3 vezes mais risco
    6. Sangramento vaginal: dobra o risco
    7. Aborto prévio: 1,5 vezes mais risco

     

    cláudia collucci

    É repórter especial da Folha, especializada em saúde. Autora de "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de 'Experimentos e Experimentações'.
    Escreve às terças.

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