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    Claudio Bernardes

    As cidades do futuro

    DE SÃO PAULO

    28/07/2014 12h49

    A população mundial, atualmente, é de sete bilhões de pessoas e 50% vivem em áreas urbanas. Em 2050, seremos 10 bilhões de pessoas e 75% ocupando as cidades. Ou seja, serão quatro bilhões de pessoas a mais nos centros urbanos, que deverão estar preparados para isso.

    A tendência mais forte, sem dúvida, é que a sustentabilidade sirva como norte de desenvolvimento das cidades. Logo, estarão presentes as seguintes premissas: oferta aos moradores de boa qualidade de vida, com menor exploração possível dos recursos naturais disponíveis; redução do consumo de energia e água potável, além da promoção da autossuficiência desses dois recursos; geração de pouco lixo e gases poluentes, que causam o aquecimento global; uso de sistema eficiente de produção de alimentos, cuja dependência do campo ou de outras cidades seja mínima; e priorização dos deslocamentos a pé, de bicicleta e por meios de transporte menos poluentes.

    As cidades serão mais densas, mas deverão ser mais atrativas. Para tanto, terão projetos orientados para a escala humana, com distâncias mais curtas e menos tempo de viagens, e com modelos urbanos voltados à conectividade, inovação e ao acesso à natureza.

    Os edifícios usarão mais fontes alternativas de energia renovável. Os mecanismos de conservação da água serão mais eficientes, com o tratamento obrigatório da água cinza - aquela usada nas pias e nos tanques - e utilização da água de chuva, a fim de reduzir o consumo de água potável.

    Nas vias públicas será intensificado o uso de painéis solares e lâmpadas de led na iluminação, e os pavimentos das ruas deverão incorporar sobras de borracha de pneus usados. A tendência, todavia, é que as cidades se desenvolvam em dois níveis: acima do solo, com destinação para áreas de trabalho, moradia e recreação; e subsolo para uso de transporte e serviços públicos.

    "Smart homes" serão construídos para maximizar espaço e recursos. Cada unidade será capaz de produzir a energia necessária para seu consumo. Os eletrodomésticos serão cada vez mais conectados aos usuários. A geladeira, por exemplo, poderá avisá-lo, pelo telefone, que o leite está acabando, quando detectar a sua proximidade com um supermercado. Sensores inteligentes irão adaptar, automaticamente, as condições de iluminação e temperatura externas às internas, racionalizando o uso de energia.

    Edifícios dinâmicos serão comuns. A possibilidade de que cada pavimento seja rotacionado independentemente dos outros, em torno do eixo do edifício, poderá ampliar a absorção da luz solar, reduzir o consumo de energia no condicionamento da temperatura ou, simplesmente, voltar-se para a melhor vista.

    Nas próximas décadas, teremos aproximadamente 30 cidades no mundo com mais de dez milhões de habitantes. Para alimentar uma população desse tamanho, será necessário trazer para a cidade, todos os dias, seis mil toneladas de alimentos, fato que levará à implantação, nas cidades, de fazendas urbanas verticais - edifícios que racionalizarão, com tecnologia, a produção de alimentos.

    Bom mesmo será que, nas cidades do futuro, os governos façam o melhor para a população, sempre. Que os líderes invistam em infraestrutura, com eficiência e foco na melhoria do meio ambiente. As pessoas se preocupem umas com as outras. As cidades sejam dirigidas com o propósito de acabar com a corrupção e que administrar os recursos públicos com eficiência seja o caminho para a construção de um lugar melhor para a atual e as futuras gerações. Não custa sonhar!

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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