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    Claudio Bernardes

    O envelhecimento da população e os novos produtos imobiliários

    25/08/2014 02h00

    A população brasileira está envelhecendo. Quais serão as consequências desse fato para a evolução e o desenvolvimento do mercado imobiliário? Como os imóveis e empreendimentos devem se adaptar a essas mudanças?

    Estudo desenvolvido pelo Banco Mundial revela que a velocidade do envelhecimento populacional no Brasil será significativamente maior do que a registrada no século passado nas sociedades mais desenvolvidas.

    Foi necessário mais de um século para que a França visse sua população com idade igual ou superior a 65 anos aumentar de 7% para 14% do total, contrastando com a realidade do Brasil, onde essa mesma variação demográfica ocorrerá nas próximas duas décadas, entre 2011 e 2031. A população idosa irá mais do que triplicar nas próximas quatro décadas, saltando de menos de 20 milhões, em 2010, para aproximadamente 65 milhões em 2050.

    Portanto, a incorporação do desenho universal nos produtos imobiliários em um futuro próximo parece ser irreversível.

    Nos Estados Unidos, onde esta realidade está muito mais presente, alguns estudos concluíram que a incorporação do desenho universal no produto imobiliário desde a concepção e o projeto pode aumentar os custos, em relação a uma edificação sem essas características, em aproximadamente 5%. Por outro lado, pode ser muito mais caro reformar um edifício pronto para incorporar esses mesmos princípios. Por exemplo, instalar uma porta com largura adequada ao desenho universal durante a execução das obras pode ser até 20 vezes mais barato do que fazer essa mesma operação em uma obra pronta.

    À medida que a população envelhece, é necessária uma nova conceituação da habitação, a fim de permitir que as pessoas de todas as idades e todos os níveis de mobilidade física possam viver confortavelmente e de forma independente pelo maior tempo possível. Logo, flexibilidade de utilização será uma característica importante dos novos produtos, que terão locais possíveis de serem usados de várias maneiras por pessoas de diferentes idades, habilidades e preferências.

    Os espaços e equipamentos serão idealizados para minimizar erros e perigos de uso, como desligamento automático de equipamentos elétricos, torneiras com temporizador e maçanetas especiais. Além disso, os projetos deverão prever o uso de quaisquer instalações sempre com o menor esforço físico, em posições confortáveis ao corpo, e que evitem tarefas repetitivas e cansativas. Importante, também, que a locomoção entre os ambientes seja simples e segura, com paredes facilmente reconfiguráveis para adaptação às necessidades específicas.

    Outra modalidade que deve ser impulsionada no mercado brasileiro são os empreendimentos planejados para idosos onde, além das unidades especificamente projetadas para eles, sejam oferecidas atividades socais e de lazer, assim como serviços de lavanderia, arrumação da casa, transporte e apoio médico ambulatorial. Pesquisas feitas no Canadá indicam a forte tendência de os idosos morarem de forma independente em suas próprias casas, pois 95% das pessoas com até 80 anos moram nesses tipos de comunidade. A partir dessa idade, aumenta o percentual de idosos que se mudam para instituições com condições especiais para abrigá-los.

    Essa realidade está chegando muito rapidamente ao Brasil e cabe ao mercado adaptar os produtos imobiliários para essa nova etapa da nossa sociedade.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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