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    Claudio Bernardes

    Revitalização de centros urbanos

    DE SÃO PAULO

    27/10/2014 03h00

    Várias cidades no mundo sofreram e vêm sofrendo processos de degradação de seus centros urbanos. Parte desse processo ocorre em função do deslocamento de operações vinculadas a comércios e serviços para outras centralidades da cidade, o que também, muitas vezes, é acompanhado do êxodo de moradores. Tornar esses centros vibrantes e resgatar sua vitalidade não é tarefa fácil, mas algumas estratégias têm sido usadas com sucesso em determinados municípios, transformando-os em locais de negócios e com empregos de qualidade.

    A primeira dessas estratégias é, sem dúvida, dedicar planejamento e recursos suficientes para remodelar e revigorar os espaços públicos, ao mesmo tempo em que se investe em um modelo diferenciado de segurança pública. Sem isso, dificilmente poderão ser atraídos investimentos para as áreas que se pretende revitalizar. Em seguida, tornar disponíveis para o desenvolvimento privado os terrenos públicos subutilizados, obedecidas as diretrizes do plano municipal de recuperação da região e dentro de uma politica de incentivos que torne esses investimentos atrativos.

    Centralidades que obtiveram êxito em sua revitalização conseguiram estruturar uma ampla rede de usos e atividades, que as tornaram um destino de interesse para além dos moradores e trabalhadores locais. A alocação de centros universitários de qualidade também pode ser um ingrediente importante para o alcance desse objetivo.

    Outra estratégia interessante é conectar os centros urbanos que se pretende revitalizar, por meio de transporte público confortável, rápido e em linha direta com bairros adjacentes mais vibrantes e com as características desejáveis para a região objeto de revitalização. Isso pode criar um enorme potencial de expansão dos bairros não degradados em direção ao que se quer revitalizar.

    Dentro do "mix" populacional e de interesse para integrar esse centro urbano revitalizado, além de solteiros e jovens profissionais, devem estar famílias de várias classes sociais, atraídas por escolas de qualidade, boa infraestrutura de saúde e equipamentos culturais de qualidade, além de núcleos de entretenimento para todas as idades.

    Programas de uso coletivo e compartilhado de bicicletas, com pontos distribuídos por toda a região revitalizada, tornam os espaços mais amigáveis e de fácil deslocamento, impulsionando o processo de recuperação.

    Entretanto, para que modelos de revitalização de centros urbanos tenham êxito, é necessário compreender alguns conceitos básicos. Um único projeto não é suficiente para se atingir os objetivos. O encadeamento de uma série de iniciativas é vital para se construir uma comunidade consistente em longo prazo.

    A sequência de pequenos bons projetos pode fazer uma grande diferença, demonstrando para a população que algo está acontecendo e, assim, reforçar a percepção de mudanças positivas.

    Além disso, uma campanha de marketing bem elaborada e fundamentada pode potencializar o envolvimento da população, impulsionando o processo de revitalização. A participação da comunidade é fundamental para que se tenha sucesso nesse tipo de programa. As parcerias público-privadas são igualmente importantes nesse processo.

    O estímulo a construções e fachadas plasticamente interessantes contribui para tornar o ambiente urbano mais atrativo, aumentando seu potencial de desenvolvimento.

    Na verdade, não existem receitas prontas para a revitalização de centros urbanos degradados, mas o conhecimento de inciativas exitosas, aliado à correta adaptação de conceitos básicos para cada situação, pode levar à implantação de programas muito bem-sucedidos.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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