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    Claudio Bernardes

    O futuro dos microapartamentos

    12/01/2015 03h00

    Morar nas grandes cidades vai se tornando cada vez mais caro e difícil. São Paulo não é uma exceção à regra e muitas cidades do mundo têm procurado as melhores maneiras de oferecer, em termos de custo, alternativas viáveis de moradia. A diminuição do tamanho das unidades habitacionais é uma dessas alternativas e, portanto, surgem muitos estudos sobre os chamados microapartamentos. É o que podemos chamar de uma microssolução para um macroproblema. Os desafios incluem como fazer isso de forma acessível, confortável e com privacidade suficiente para tornar os espaços em lares.

    Pesquisa realizada pelo ULI (Urban Land Institute) avaliou 90 mil apartamentos em 35 áreas metropolitanas dos Estados Unidos e encontrou dados interessantes sobre os microapartamentos. As unidades têm área útil entre 25m2 e 35m2, dependendo do tamanho mínimo exigido pela legislação municipal. O espaço para dormir é compartilhado com a área de estar, mas a cozinha e o banheiro são equipados com todas as funcionalidades. Grande ênfase é dada às partes externas às unidades, com áreas comuns estruturadas para encorajar a socialização e, ao mesmo tempo, compensar eventuais deficiências de espaço interno dos apartamentos.

    O público-alvo são jovens profissionais, tipicamente com idade próxima aos 30 anos, que procuram boa localização por um preço acessível ao seu padrão de renda, seja para comprar ou alugar. Para essa demanda, na ordem de importância, é fundamental ter nas proximidades do edifício supermercado, restaurantes e academia.

    Dentro da unidade, o maior interesse foi demonstrado por máquina de lavar roupa integrada com secadora, além de armários e mobília multifuncionais já instalados no momento da entrega do apartamento.

    Mesmo tendo em conta a grande popularidade dos microapartamentos, alguns empreendedores objetivam a flexibilidade e têm construído os edifícios de tal forma que as unidades possam ser acopladas e, assim, oferecer um apartamento maior caso a demanda se volte para apartamentos mais convencionais.

    No Brasil, o desenvolvimento do mercado tem demonstrado que essas características são também desejadas pelo público potencialmente interessado nessas microunidades.

    Em Barcelona, na Espanha, desenvolveu-se um projeto que inova em conceitos ao criar o compartilhamento de espaço por dois microapartamentos. São unidades destinadas exclusivamente à locação, que compartilham cozinha, sala de estar e refeições. Mantêm-se exclusivos somente o dormitório e banheiro.

    Empreendimento semelhante foi desenvolvido em Seattle, nos Estados Unidos, cujos apartamentos têm áreas que variam entre 10m2 e 15m2, com cozinhas centralizadas e compartilhadas pelos moradores. As unidades exclusivas oferecem, somente, espaço para dormir e um pequeno banheiro. Praticamente não existem vagas para estacionamento, pois somente 20% dos moradores possuem automóvel.

    Os apartamentos de um dormitório lançados na cidade de São Paulo, em 2014, tiveram área média de 37m2 e área mínima de 14m2. Foram vendidos ao preço médio de R$ 12.300 o m2, aproximadamente 30% acima da média geral de preços dos outros tipos de apartamentos.

    De janeiro de 2010 a outubro de 2014 foram lançados, somente na cidade de São Paulo, 31,7 mil apartamentos de um dormitório. Muito embora a relação entre oferta e demanda para esse produto já esteja equilibrada em algumas regiões da cidade, os microapartamentos sofrerão adaptações e ajustes ao modo de vida do brasileiro e, cada vez mais, serão tendência não só na capital paulista, mas nas grandes cidades do país.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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