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    Claudio Bernardes

    Parklets: uma nova ideia para a cidade

    09/03/2015 02h00

    Parklets são pequenos espaços que servem como extensão das calçadas, ocupando a área de uma ou duas vagas para automóvel, e instalados no leito da rua. Esses locais, montados com estruturas temporárias, chamados também de espaços urbanos sociais, criam a oportunidade da implantação de novas áreas verdes, de lazer, descanso e socialização na cidade, principalmente nas regiões onde existe maior escassez desses locais.

    Essa ideia, já bastante utilizada em várias cidades do mundo, começa a ser aplicada em São Paulo. Em 2012, a partir de uma iniciativa do grupo de Novos Empreendedores do Secovi-SP, instalou-se o primeiro projeto piloto na cidade, que permitiu que se fizessem os ajustes necessários para regulamentar sua implantação e utilização, o que foi efetivamente realizado em abril de 2014, pela prefeitura.

    À medida que o adensamento se torna inevitável em diversas regiões, a difusão desse modelo passa a ter enorme importância para humanização das áreas urbanas mais concentradas, com a criação desses pequenos parques, que poderiam, em tese, ser implantados em grande parte dos quarteirões da cidade.

    Interessante ressaltar que a iniciativa, como já disse utilizada em outros países há mais tempo, vem desafiando arquitetos, estudantes e a sociedade como um todo, para a concepção de novos modelos e novas formas de implantação desta ideia, com a criação de novos espaços públicos, que sejam inovadores e tenham melhor qualidade.

    Esses locais podem conter desde mobiliário básico –como bancos, mesas, vasos com plantas e pequenas coberturas para abrigo do sol e chuva–, até equipamentos de ginástica, estações para recarga de celular e equipamentos semelhantes. Áreas para divulgação de comunicados à população e para exposições artísticas também são encontradas.

    Em alguns casos, chegou-se até a destinar espaço para o plantio de hortaliças, pela comunidade local.

    Tudo isso partiu de uma experiência realizada em 2005, numa região da cidade de São Francisco (EUA) com poucas áreas verdes.

    Numa vaga para automóvel, em frente a um parquímetro, foi desenrolada na rua uma placa de grama sintética, sobre a qual foram colocados um banco, um vaso com uma planta e uma placa com os dizeres: "Se você gosta deste espaço, coloque algumas moedas no parquímetro".

    Uma primeira pessoa colocou algumas moedas no parquímetro e sentou-se no banco, sendo seguida por muitas outras. A experiência rapidamente tornou-se um sucesso.

    Um pedaço da cidade, próximo a outros que seriam alugados mensalmente, provavelmente por centenas de dólares o metro quadrado, pôde ser utilizado por alguns centavos por hora. Nascia ali um novo conceito de ocupação da cidade.

    Hoje, existem em São Francisco 51 parklets implantados, e mais doze já estão em processo de aprovação e construção. A grande maioria deles é financiada pela iniciativa privada e custa entre US$ 10 mil e US$ 14 mil cada um. Dependendo do caso e da localização, a prefeitura aporta também parte dos recursos.

    Algumas cidades permitem que esses espaços sejam uma extensão da calçada em frente a bares e restaurantes, admitindo a colocação de mesas e que ali sejam servidas bebidas e refeições. Outras, entretanto, tratam os parklets exclusivamente como espaços públicos, muitas vezes consentindo sua instalação somente em ruas com mão única de direção e baixo tráfego.

    Realidade em 16 países –só nos Estados Unidos estão presentes em cerca de 70 cidades–, os parklets representam, sem dúvida, uma ótima opção para incrementar e melhorar a qualidade dos espaços públicos em cidades como São Paulo.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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