• Colunistas

    Saturday, 04-May-2024 13:02:14 -03
    Claudio Bernardes

    O futuro que queremos e as cidades que precisamos

    01/06/2015 02h00

    Como contribuição à Conferência Habitat 3, que ocorrerá em 2016, na cidade de Quito, no Equador, um comitê das Nações Unidas emitiu o documento "The future we want, The city we need", que procura discutir os caminhos para o desenvolvimento das cidades nos próximos 20 anos, e a importância de uma agenda urbana global que possa reverter a crescente tendência de desigualdade social, segregação e degradação ambiental presentes, hoje, no desenvolvimento de muitas cidades do mundo.

    Nas próximas décadas, os habitantes urbanos serão, aproximadamente, 75% da população, e mais de 60% do ambiente urbano existente para acomodar essas pessoas ainda terão de ser planejados e construídos. As cidades bem planejadas trarão ótimas oportunidades para que se promovam inclusão social, resiliência e prosperidade.

    Segundo o documento, as cidades que precisamos, obrigatoriamente, deverão acomodar os princípios contidos nos novos paradigmas urbanos. As cidades deverão ser socialmente inclusivas, provendo espaço para todos os segmentos e grupos etários da população, eliminando todas as formas físicas e espaciais de segregação.

    A resiliência deverá estar sempre presente, tornando os núcleos urbanos eficientes, do ponto de vista energético, e usando, cada vez mais, fontes renováveis de energia.

    Deveremos ter centros urbanos economicamente vibrantes, incentivando e promovendo o desenvolvimento econômico dos pequenos empreendedores às grandes corporações, com simplificação dos licenciamentos e outros processos administrativos.

    As cidades precisam ser seguras. A qualquer hora do dia ou da noite, as pessoas poderão utilizar os espaços públicos sem medo. Para isso, interação e comunicação eficientes e imediatas entre polícia, hospitais, corpo de bombeiros, departamento de trânsito, grupos comunitários e a população em geral serão fundamentais.

    Não é possível imaginar o futuro das cidades sem a equidade social. Uso do solo, infraestrutura urbana e serviços urbanos básicos têm de ser planejados, tendo em mente a população de menor renda. Os serviços públicos, por sua vez, terão de ser planejados, considerando as necessidades das mulheres, dos jovens e dos segmentos mais vulneráveis da população.

    As cidades deverão ser administradas e planejadas conforme o nível metropolitano. As responsabilidades de todos os agentes desse processo, mesmo respeitando-se o princípio da subsidiariedade, terão de ser claramente definidas, com a alocação estratégica e justa de recursos, e considerada uma agenda comum do espaço metropolitano.

    Os responsáveis pelas tomadas de decisão, nas áreas públicas e privadas, terão de orientar suas deliberações não de forma setorial, mas com abordagem geral da cidade.

    Os modelos de cidades compactas e de uso misto estarão em destaque, a fim de assegurar espaços públicos de qualidade, o que significará uma forma altamente eficiente de melhorar o funcionamento e a identidade dos centros urbanos.

    Devem ser estabelecidos observatórios urbanos abertos ao público, para que se possa monitorar e medir o progresso dos indicadores adotados consensualmente e que tratem de questões como biodiversidade, acesso à moradia, eficiência de serviços públicos, mobilidade urbana, segurança etc.

    A Conferência Habitat 3, que é realizada a cada 20 anos, deverá gerar uma nova agenda urbana para o século 21, adaptada à dinâmica de modificações da civilização humana. Essa nova agenda deverá se concentrar em políticas e estratégias capazes de aproveitar as forças envolvidas no processo de urbanização e criar cidades mais sustentáveis e equitativas.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024