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    Claudio Bernardes

    Estratégias para o transporte público em Melbourne

    15/06/2015 02h00

    Melbourne, na Austrália, é uma metrópole espalhada em 7.700 km2, com população pouco acima de 4 milhões de pessoas. A cidade, formada por cinco sub-regiões econômicas, tem como polo econômico e cultural a região central, com área de 38 km2 e 96 mil habitantes.

    Todos os dias, quase 800 mil pessoas locomovem-se das diversas sub-regiões para trabalhar, estudar ou passear na região central. As autoridades locais esperam que, em 2030, a população da zona central dobre e acomode mais 110 mil postos de trabalho.

    Dentro desse contexto, a cidade propõe estratégias para o transporte público que possam aperfeiçoar o modelo existente, acomodar o crescimento esperado e possibilitar a movimentação de pessoas com segurança e qualidade.

    Além, obviamente, da qualidade e segurança, alguns aspectos importantes fundamentaram a definição das estratégias: transporte equitativo por todas as regiões da cidade, acessível a todos os tipos de deficientes físicos, cuidado com a qualidade do ar e economia de energia.

    A integração entre transporte e uso do solo foi considerada essencial, produzindo modelos de desenvolvimento que equilibrem o crescimento das áreas residenciais com a evolução dos centros de negócios. Isso permite a criação de regiões compactas e eficientes para a utilização de transporte público, além de vias adequadas a pedestres e ciclistas.

    Outro ponto é o investimento em modelos detalhados de informação sobre o transporte público aos cidadãos utilizando novas tecnologias, que podem personalizar os serviços públicos de transporte. Essas informações podem integrar as modalidades de transporte como ônibus, trem, metrô, táxi, bicicleta compartilhada, entre outras, num único serviço, capaz de atender às necessidades de mobilidade dos usuários.

    A adoção de sistemas de micro-ônibus que possam integrar os principais destinos turísticos da cidade com os principais centros de hospedagem, e outros modos de transporte facilmente utilizados pelo turista que não conhece a cidade, é uma proposta bastante eficiente para os visitantes se movimentarem.

    Capacidade, credibilidade e acessibilidade ampla aos destinos são aspectos fundamentais para os planejadores australianos.

    Meios de transporte convidativos devem ser confortáveis. Portanto, capacidade e demanda em perfeito equilíbrio. Além disso, frequência, tempo de jornada e bom funcionamento dos equipamentos são considerados fundamentais.

    Entende-se que um sistema de transporte eficiente deve, também, proporcionar aos usuários uma ampla gama de opões de destino na maior parte do tempo. A inclusão de novas linhas, o aumento da capacidade da rede, e a melhoria das condições de embarque e desembarque são também ações previstas.

    Isso tudo pode proporcionar aos cidadãos elevados níveis de mobilidade e conforto, que acabam tornando o transporte público extremamente competitivo com o uso do transporte individual.

    Outro aspecto não menos importante para o transporte como um todo é o sistema de deslocamento de cargas para abastecimento das diversas regiões da cidade. O último quilômetro dessa cadeia de fornecimento é o que promove o maior impacto na cidade e é onde existem mais oportunidades para aperfeiçoamento.

    O planejamento da integração entre as vias públicas e os edifícios deve priorizar o acesso e a entrega de mercadorias de forma a não impactar o trânsito na cidade, encorajando-se investigação e pesquisa de modelos inovadores para aperfeiçoar a movimentação de cargas na área urbana.

    Os conceitos propostos por Melbourne, na Austrália, não são exatamente uma novidade. Mas organizados e utilizados de forma adequada podem transformar positivamente o sistema de transportes de qualquer cidade.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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