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    Claudio Bernardes

    O futuro do mercado de escritórios nas cidades globais

    27/07/2015 02h00

    O mercado imobiliário nas cidades globais está passando por um renascimento, e o novo paradigma econômico da criatividade está prestes a estimular a demanda.

    Na próxima década, as grandes cidades do planeta devem ter mais 1 bilhão de pessoas e, consequentemente, o desenvolvimento de habitações, escritórios, comércio e centros de logística será de extrema importância.

    O futuro do mercado imobiliário nas cidades globais está sendo moldado pela concentração de pessoal qualificado, pela transformação de antigas áreas industriais em novos distritos que possam unir trabalho, lazer e moradia e, também, por investidores em busca de maiores retornos, com a participação em fundos para ancorar futuros desenvolvimentos urbanos.

    A força de trabalho nas cidades globais está entre as mais produtivas do mundo, o que faz com que essas cidades tenham desempenho até superior ao dos países onde estão localizadas.

    Segundo o "Eurostar International Monetary Fund", em termos de produto interno bruto per capta, a cidade de Nova York supera o dos Estados Unidos em 35,7%, Paris supera o da França em 66,8%, e Londres o da Inglaterra em 72%.

    O fato de a economia mundial ser conduzida não mais somente por questões econômicas, mas tendo a criatividade como um dos aspectos principais, seguramente fará com que haja adaptações importantes no mercado imobiliário.

    Novos escritórios com diferentes conformações, onde as tradicionais mesas estarão entremeadas com outros ambientes de trabalho, serão cada vez mais comuns. Localização e acessibilidade também devem receber uma atenção especial, pois a nova geração prefere morar próxima aos centros de negócios e, assim, caminhar para chegar ao trabalho.

    Embora em 2014 a rentabilidade da locação comercial nas grandes cidades variou de uma taxa anual de, aproximadamente, 4% para cidades como Paris, Tóquio e Londres, para 6% em Xangai e Sidney, em função da nova realidade que se espera para o mercado, segundo a consultoria internacional "Knight Frank", o preço das locações prime nas cidades globais deve subir quase 16% nos próximos cinco anos.

    Além disso, os mesmos especialistas entendem que os investimentos devem ter novas fronteiras.

    Se por um lado as grandes cidades liderarão esse novo ciclo, e os investimentos globais em mercados de escritório devam ser da ordem de 600 bilhões de dólares em 2015, quando haverá uma nova onda de investimentos nos mercado emergentes?

    África, América do Sul e países em desenvolvimento na Ásia podem não ser tão confortáveis para os investidores devido à flutuação da moeda, à instabilidade política e à pouca transparência no mercado.

    De qualquer forma, existe a expectativa de os investidores voltarem para os mercados mais maduros da África, como Quênia, África do Sul, Botsuana e Nigéria.

    Nairóbi, em particular, cresceu rapidamente como um centro regional devido às descobertas de petróleo e desenvolvimento da indústria de telecomunicações. Cidade do Cabo, Johannesburgo e Lagos tornaram-se centros estratégicos no continente.

    A perspectiva é que em termos de mercado global as mudanças se processem em ritmo acelerado. Um novo mundo tecnológico e um crescente número de jovens com impetuosidade criativa nas cidades globais devem conduzir a um novo paradigma os imóveis comerciais.

    Os escritórios podem virar fóruns para geração de ideias, o varejo mudar o foco das compras para se tornar um destino com alternativas de lazer, enquanto trabalho e moradia aproximam-se cada vez mais.

    Este novo cenário oferece grandes oportunidades para investidores e empreendedores. Que eles se prepararem para explorar essas novas tendências de vida urbana em nível global.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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