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    Claudio Bernardes

    O desenvolvimento urbano no sudeste asiático

    17/08/2015 02h00

    O sudeste da Ásia é uma região com forte crescimento da população urbana. O cenário físico e econômico das suas cidades continua mudando com a globalização e será inevitável a reestruturação na maneira de pensar o funcionamento urbano.

    Localizado ao sul da China e ao leste da Índia, o sudeste asiático é composto por 11 países: Singapura, Brunei, Malásia, Filipinas, Indonésia, Tailândia, Mianmar, Lao Vietnam, Timor Leste e Camboja, e ocupa uma área de cinco milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a 60% do território brasileiro.

    Apesar do crescimento econômico das últimas décadas, a região ainda é formada por países com grande parte da população de baixo poder aquisitivo. Trinta e oito por cento das pessoas vivem com menos de dois dólares por dia. Somente Brunei e Singapura têm economias que proporcionam maior renda à população.

    Entre 1950 e 2010, a população da região mais do que triplicou, passando de 178 milhões para 590 milhões. Segundo dados das Nações Unidas, na média, 41% das pessoas vivem em áreas urbanas, e este percentual cresce de forma acentuada.

    Em Singapura, 100% dos habitantes estão na área urbana, em contraste com o Camboja, onde somente 20% moram nas cidades.

    A grande concentração da população urbana está nas cidades com menos de 500 mil habitantes –aproximadamente 70% do total–, que não têm recebido a devida atenção, uma vez que abrigam a maioria da população. A infraestrutura urbana e os serviços não são adequados. Os governos locais têm sido sobrecarregados pela descentralização, com aumento de suas responsabilidades, mas sem recursos suficientes para o desenvolvimento satisfatório das cidades.

    Todavia, segundo o pesquisador Sheng Yap, o crescimento econômico da região trouxe consigo uma classe média emergente com considerável poder econômico e politico. Melhoria nos padrões de educação, mais acesso à informação e mais consciência política tornaram essa classe média mais atuante, demandando melhores serviços públicos.

    Quando essa população não encontra atendimento adequado nos serviços públicos, volta-se para o setor privado mudando, assim, o vetor de desenvolvimento para modelos de privatização dos serviços públicos.

    As famílias de classe média vivem em comunidades fechadas e com segurança privada. Bebem água engarrafada e não da torneira. Dirigem seus automóveis em vias privadas "pedagiadas", ao invés de se locomoverem pelas vias públicas congestionadas, além de se divertirem em charmosos campos de golfe, ao invés dos malcuidados parques públicos.

    As pressões políticas para melhoria dos sistemas de saneamento, segurança pública e infraestrutura não são tão fortes, uma vez que aqueles em melhores condições para exercer essa pressão procuram alternativas no setor privado.

    À medida que o governo ignora as necessidades e demandas da população, o setor informal desenvolve suas próprias áreas urbanas, com pessoas vivendo em assentamentos não regulares e trabalhando informalmente, com substancial impacto no desenvolvimento das cidades. Isso obriga os governantes a, de certa forma, acomodar o setor informal autorizando, por exemplo, o fechamento de ruas para a montagem de barracas para comércio de alimentação à noite e o reconhecimento dos moto-táxis.

    Os países do sudeste asiático são diferentes em vários aspectos, mas compartilham com outras nações desafios semelhantes nas áreas de urbanização, desenvolvimento econômico, redução da pobreza e mitigação de problemas ambientais. A cooperação e a integração entre seus membros serão fundamentais para superar os enormes desafios que enfrentarão nas próximas décadas.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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