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    Claudio Bernardes

    O mercado imobiliário na Europa

    28/09/2015 02h00

    O Brasil atravessa uma grave crise política, institucional, ética e econômica. Como resultado, muitos setores da economia brasileira têm dificuldade para continuar atuando em níveis satisfatórios, principalmente no que diz respeito às margens mínimas para produção e manutenção de empregos.

    O mercado imobiliário brasileiro, que sofre também com os desajustes da economia nacional, está em queda, ao contrário do que acontece na Europa, onde poucos anos atrás a situação era bastante delicada.

    Segundo a "PropertyWire", os investimentos no mercado imobiliário comercial na Europa atingiram, em 2015, seu maior nível desde 2007, totalizando € 102 bilhões no primeiro semestre, o que representa um aumento de 25% em comparação com o mesmo período de 2014. Segundo analistas, neste ano, o total de investimento nessa área pode alcançar a cifra de € 230 bilhões.

    Em cada país europeu, o setor de escritórios é responsável, na média, por 39% do volume total de transações e lidera os investimentos.

    Investidores internacionais seguem ampliando suas aplicações nas áreas de varejo e edifícios de escritório. Isso possibilitou um forte aumento nos volumes investidos nos primeiros seis meses de 2015, com destaques para Portugal, que registrou crescimento de 720%, seguido da Noruega, com 391%, e Itália, com 154%.

    Os investidores americanos estão operando fortemente na Europa. No segundo trimestre deste ano, as inversões no mercado comercial europeu representaram, em média, 40% do total investido em cada país, chegando a 93% em Portugal, e 66% na Irlanda.

    Na área residencial, os preços dos imóveis subiram, em média, 2,5% nos países da União Europeia no primeiro trimestre de 2015. Considerando-se a variação dos últimos 12 meses, os maiores aumentos ocorreram na Irlanda, com 16,8%, e Suécia, com 11,6%. As maiores quedas de preço foram na Itália (3,3%) e na França (1,6%). O mercado espanhol, que sofreu grandes perdas nos últimos anos, tem se apresentado relativamente estável.

    As vendas de imóveis corporativos também estão em ascensão e somaram, no ano passado, € 14 bilhões, o melhor desempenho dos últimos oito anos.

    Esse interesse de investidores no mercado imobiliário também abre boas oportunidades para empresas proprietárias de imóveis que tenham intenção de levantar capital com a venda ou "leaseback".

    Relatório emitido pela JLL identificou que, em 2015, os setores que dominaram as operações com imóveis corporativos foram as áreas de energia, manufatura, farmacêutica e telecomunicação, responsáveis por 38% da atividade.

    Reino Unido, Alemanha e França são os países que continuam a dominar as vendas de imóveis corporativos, abarcando 60% do setor no ano de 2014.

    Segundo a "Knight Frank", líder mundial em consultoria imobiliária, o setor de logística deve se beneficiar bastante com o crescimento das vendas online no continente, e os investimentos continuarão a se expandir em setores alternativos do mercado, como hotéis, saúde e moradias para estudantes.

    Os últimos seis anos foram difíceis para a grande maioria dos países na Europa, que agora está claramente em um momento de recuperação. Portanto, existem boas oportunidades para consumidores e produtores imobiliários.

    Embora a Alemanha continue a ser importante impulsionador da economia europeia, o crescimento sustentável somente será possível se houver o desenvolvimento homogêneo em toda zona do euro, o que hoje não acontece.

    Todavia, o sinal importante é que o movimento positivo na direção do crescimento ressurgiu na Europa e está aumentando a confiança de empresários e consumidores. Ingredientes básicos para o mercado imobiliário decolar de vez.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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