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    Claudio Bernardes

    Os dois lados da gentrificação

    06/12/2015 01h00

    O termo gentrificação surgiu em 1964, em Londres, para descrever o movimento de mudança das famílias de classe média para regiões menos valorizadas da cidade e primordialmente habitadas por operários. Desde então, esse fenômeno, presente no processo de desenvolvimento urbano de vários locais do mundo, tem sido objeto de debate.

    Esse deslocamento das famílias acontece paralelamente a investimentos, tanto na renovação das moradias quanto em estabelecimentos comerciais e de serviços, ocasionando, portanto, mudanças no mercado imobiliário local, sendo a principal delas a valorização das áreas envolvidas no processo.

    A principal crítica ao modelo de gentrificação é que os moradores da região, principalmente aqueles que residem em habitações alugadas, acabam sendo expulsos da vizinhança em função do aumento do custo de vida local, provocado pela valorização advinda do afluxo de famílias de maior renda.

    Por outro lado, ficam claros os benefícios incorporados à região. O processo acaba trazendo uma série de vantagens aos moradores antigos, traduzidas principalmente pela significativa elevação no valor de suas propriedades e a criação, na região, de novos negócios e empregos com melhor remuneração.

    Além disso, a ocupação por famílias de maior renda, a partir de determinado momento, passa a ser feita não só pela mudança de moradores locais, mas dentro de um processo normal de realocação e ocupação de imóveis, num ciclo virtuoso de melhoria da região.

    Em que pesem os argumentos a favor ou contra, a verdade é que devem prevalecer no desenvolvimento urbano os processos que efetivamente melhorem as condições de vida nas cidades, estabelecendo-se mecanismos sociais que possam mitigar os efeitos colaterais negativos, quando existirem.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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