Hoje é bastante presente uma preocupação objetiva com a melhor maneira de desenvolver as cidades e de como garantir qualidade de vida e segurança a seus habitantes. Porém poucas pessoas já se perguntaram por que as cidades existem.
A explicação militar é que, se as pessoas não se concentrassem até mesmo em locais protegidos por muralhas, seria difícil defendê-las dos ataques inimigos.
Para a sociologia, a imperativa necessidade de interação social só poderia se tornar realidade em locais onde a população pudesse estar espacialmente concentrada.
Na visão dos economistas, a economia de escala acaba por induzir a concentração do emprego em determinados espaços, fato que levou a outro tipo de concentração: de residências, comércio e serviços.
A economia de escala, possível em função da concentração de pessoas, é ainda responsável pela viabilidade econômica de estruturas mais sofisticadas para transportes, comunicações, saúde, educação e lazer.
Na verdade, a somatória desses fatores explica a necessidade de construir cidades. E a concentração de seres humanos, por sua vez, permite e torna viável todas as demais variantes da vida urbana.
A tendência mundial é que a população urbana cresça de forma significativa nos próximos anos, o que significa não só o aumento do número de pessoas morando nas cidades existentes como também a elevação do número de novas cidades no mundo. Somente na China, 1 bilhão de pessoas vão morar em 200 novas urbes nos próximos 15 anos.
Seja em velhas ou novas cidades, a vida humana concentrada espacialmente tende a aumentar. Cabe aos responsáveis pela gestão pública desses espaços explorarem ao máximo os bônus oriundos desse modelo e mitigar os ônus com inteligência e equilíbrio social.
É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.