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    Claudio Bernardes

    Mobilidade humana

    18/04/2016 01h00

    Tem havido, nos últimos anos, uma importante evolução no entendimento dos fatores que impactam o progresso e o desenvolvimento. Sem dúvida, nele está incluído o claro papel desempenhado pelas cidades na implementação de políticas públicas nas áreas de saúde, educação, cultura, economia e, cada vez mais, nas políticas que tratam da imigração.

    A contribuição dos migrantes, seja em âmbito nacional ou internacional, tem sido um dos elementos fundamentais no desenvolvimento dos países e das suas respectivas cidades.

    Historicamente, a mobilidade acontecia internamente, em âmbito nacional, do campo para a cidade ou entre cidades. Atualmente, tem se intensificado essa mobilidade entre países, não só por razões habituais como pobreza, desastres naturais ou conflitos bélicos. Cada vez mais, os indivíduos trasladam por motivos profissionais, em busca de melhor formação ou, então, por estarem atraídos pelas oportunidades e qualidade de vida de determinados lugares.

    Dos cerca de 1 bilhão de migrantes em todo o mundo, aproximadamente metade reside em cidades e seu papel é largamente ignorado no debate global acerca de urbanização e desenvolvimento.

    Enquanto cidades e governos locais estão sintonizados com as realidades e as respostas políticas que incluem migrantes, outros têm ignorado essas questões nos seus planos de gerenciamento municipal.

    O aumento dessa mobilidade humana tem trazido, portanto, novos desafios para autoridades locais.

    As cidades estão na vanguarda da integração dos recém-chegados e, frequentemente, tem de fazer isso sem o devido suporte e sem recursos necessários.

    Elas têm de adaptar seus serviços a comunidades cada vez mais plurais e diversas. Desde escolas, saúde, habitação e outros serviços sociais até processos de regularização de documentos e serviços humanitários.

    Encontrar soluções para esses problemas torna-se absolutamente necessário, pois a migração ou mobilidade humana passa a não ser mais vista somente como um problema, mas como um fenômeno fortemente ligado aos processos de desenvolvimento e crescimento das cidades.

    Para auxiliar países e cidades que precisam lidar com essa questão, e no sentido de maximizar o potencial da migração para o desenvolvimento local, foi fundada pela Comissão Europeia e pela Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação a JMDI (Joint Migration and Development Initiative).

    O programa estruturado na JMDI com o objetivo de aproveitar eficazmente o potencial da migração para o desenvolvimento é implementado pela ONU pela UNDP (United Nations Development Program).

    A partir de sua experiência em mais de 50 projetos em 16 países, a JMDI e seus parceiros desenvolveram a abordagem da questão em duas frentes para capacitar os agentes envolvidos.

    A primeira, por meio da criação de uma ferramenta de treinamento destinada ao suporte dos atores locais, que cobre um amplo espectro de assuntos práticos relacionados ao desenvolvimento das cidades e ligado à migração.

    A segunda consiste em um programa de treinamento formatado especialmente para cada país ou município, com uso de oficinas e consultoria para capacitação daqueles envolvidos no processo.

    Esse programa de difusão de conhecimento tem trazido resultados animadores para que, de forma estruturada e exitosa, inclua o modelo de migração e desenvolvimento nas agendas locais.

    Torna-se cada vez mais importante reconhecer o significante papel desempenhado pelas cidades e instituições locais na administração da mobilidade humana e seus desafios, principalmente na identificação de parcerias para administrar os seus efeitos regionalmente.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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