A internet das coisas, tradução literal do termo "Internet of Things" (IOT), é uma rede de dispositivos que contenham tecnologia para se comunicar, interagir entre si e com o ambiente externo.
Uma "coisa", na internet das coisas, pode ser uma pessoa com um monitor implantado no coração, um animal com um "chip" de rastreamento, automóveis com sensores de alerta, ou qualquer outro objeto, natural ou fabricado pelo homem, que possa transferir dados na rede mundial de computadores.
Um dos maiores propósitos na era digital, sem dúvida, serão as cidades. E a combinação de tecnologia, infraestrutura física e serviços será a base de uma nova revolução urbana.
Esse processo implica na interação entre sistemas inteligentes, que poderão se comunicar entre si. Entre as inúmeras possibilidades, caminhões de lixo poderão ser alertados sobre a localização de material a ser recolhido, sensores conduzirão os veículos a locais onde existe estacionamento disponível, ou mesmo a iluminação pública poderá ser administrada em função da existência de pessoas nas proximidades.
A internet das coisas nas cidades, conectando seres humanos, processos, informações e "coisas", poderá alterar de forma significativa a qualidade de vida, fazendo parte da configuração do que se definiu chamar de cidade inteligente.
Muitas estão começando a entender o enorme potencial da IOT. Um exemplo é Barcelona que, desde 2012, vem implantando esse modelo de interação tecnológica nos serviços urbanos, tendo escolhido 12 áreas de intervenção, que incluem transporte, saneamento, energia, administração de resíduos sólidos e transparência nas informações públicas.
O lançamento do programa IOT em Barcelona está alicerçado na existência de uma rede de 500 km de cabos de fibra ótica que serve de espinha dorsal para a interação dos sistemas. Essa rede permite ainda que a cidade seja totalmente coberta por sistema wi-fi, com 670 pontos de conexão a distâncias médias de 100 metros um do outro.
As paradas de ônibus digitais facilitam a vida do usuário. Além do ponto de acesso livre à internet, possuem conexões USB para carga dos aparelhos, e ferramentas que permitem aos usuários utilizarem aplicativos que facilitem sua locomoção pela cidade.
A municipalidade instalou ainda cerca de vinte mil medidores, que monitoram e otimizam o consumo de energia em determinadas áreas da cidade, além de dispositivos de armazenamento de lixo inteligentes, que controlam a quantidade de material existente, e otimizam a rota de coleta.
Outra aplicação interessante são os sensores embutidos no asfalto, que guiam os motoristas para as vagas disponíveis e permitem que o pagamento do estacionamento seja feito on-line.
Juntos, esses sistemas formam uma rede de redes, que geram informações para serem usadas pela municipalidade e pelos cidadãos para entender melhor o funcionamento urbano.
As inovações resultaram numa redução significativa de custos, melhoraram a operação da cidade e a qualidade de vida de seus residentes, tornando Barcelona uma precursora nas ações voltadas à IOT.
Fica evidente, no entanto, que o potencial de aplicação da IOT nas cidades é enorme, e estamos ainda no começo de sua utilização.
Estudos dedicados ao aprofundamento desses processos e modelos urbanos são extremamente importantes, e planejamentos para sua implementação devem ser desenvolvidos com a maior brevidade possível nas cidades que ainda não o fizeram.
Contudo, é preciso lembrar que, além dos estudos, existem pré-requisitos importantes a considerar. A infraestrutura física e a educação dos cidadãos são componentes indispensáveis para que o modelo funcione.
É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.