Nunca houve, em números absolutos, tantos jovens no mundo. As taxas de crescimento populacional estão em declínio, mas o tempo de vida médio das pessoas aumenta. Isso está causando o envelhecimento da população. Mas, ainda assim, hoje existem no planeta 3 bilhões de pessoas com idade inferior a 25 anos -metade da população mundial.
Nos países em desenvolvimento, a população de jovens cresce rapidamente, principalmente nas cidades, e cabe a eles enfrentarem pobreza e exclusão social, os maiores desafios.
| Fabio Braga - 9.set.2015/Folhapress | ||
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| Região do entorno da Câmara Municipal, no Viaduto Jacareí, em São Paulo |
Segundo o departamento de assuntos econômicos e sociais da ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 500 milhões desses jovens vivem com menos de US$ 2 por dia, 130 milhões são analfabetos, 10 milhões contraíram o vírus HIV e 90 milhões estão desempregados.
Em 2030, a população urbana no mundo deve chegar a cinco bilhões, e 60% dessas pessoas terão idade inferior a 18 anos.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no Brasil há 43 milhões de jovens, com idades entre 15 e 29 anos, vivendo em áreas urbanas.
O crescimento das cidades, muitas vezes voltado fortemente para o planejamento estruturado em modelos econômicos vinculados à infraestrutura urbana, deve preocupar-se, também, com o bem-estar e a qualidade de vida de seus habitantes.
Os jovens urbanos em todo o mundo têm encontrado, cada vez mais, dificuldades para ingressar no mercado de trabalho e hoje já representam 43% dos desempregados.
Pesquisadores e responsáveis por políticas públicas estão convencidos de que a juventude não pode mais ter um papel passivo no desenvolvimento das cidades, e devem existir mecanismos que proporcionem sua efetiva inclusão, o engajamento e a participação no processo.
A exclusão da vida econômica, política e social gera desilusão, desesperança e revolta, o que muitas vezes leva também à criminalidade e violência.
Embora existam evidências de que os administradores públicos estão envidando esforços para combater a pobreza juvenil e a sua falta de envolvimento na governança, os recursos para realizar tais intervenções têm sido muito limitados.
O UN-Habitat, programa das Nações Unidas, reconhece a força da juventude como um fator significativo na criação de um futuro urbano melhor. Segundo a ONU, uma alternativa importante para caminhar na direção da solução dos problemas dos jovens urbanos é a criação de um banco de dados com informações sobre acesso a serviços básicos como educação, saneamento e habitação, desemprego, e exclusão dos processos de decisão.
Esses dados possibilitarão às autoridades conceber estratégias que visem à inclusão dos jovens no processo de desenvolvimento.
A "Orton Family Foundation", entidade focada em ajudar pessoas a estruturarem o futuro de suas comunidades, elenca sugestões de como incluir os jovens nos processos de decisão:
- Usar estratégias de comunicação orientadas para jovens, por meio de mídias sociais específicas.
- Promover eventos e não reuniões. Os jovens estão sempre mais propensos a participar de eventos, e reuniões nem sempre são atrativas.
- Promover eventos em locais com facilidade de transporte e em datas e horários convidativos.
- Assegurar-se de que os jovens saibam que estão sendo ouvidos, e que suas ideias serão consideradas.
Talvez estejamos, ainda, distantes de modelos estruturados para a participação dos jovens urbanos nos processo de construção do futuro das cidades. No entanto, devemos ter a percepção de que esse formato, dentre outros efeitos importantes, irá desenvolver uma sociedade adulta consciente.
É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.