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    Claudio Bernardes

    Planejamento urbano deve conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental

    08/08/2016 01h00

    Escolher entre uma ou outra opção não é o mais recomendado e pode trazer consequências importantes para o planeta e seus habitantes.

    Existem situações em que a decisão foi pelo desenvolvimento econômico em detrimento ao meio ambiente, e há exemplos de que a escolha pela preservação ambiental estancou o processo de desenvolvimento econômico. Em ambos os casos, os resultados não foram satisfatórios.

    Por isso, a alternativa mais pertinente é compatibilizar preservação ambiental com desenvolvimento econômico, por meio de um adequado planejamento, calcado em conceitos de sustentabilidade.

    Historicamente, o planejamento voltado ao desenvolvimento urbano foi concebido como uma maneira de efetuar a transformação de recursos naturais, essenciais para acomodar as atividades humanas e suas necessidades econômicas e sociais.

    Essa transformação, efetuada de maneira incondicional e desconsiderando os efeitos negativos e os impactos irreversíveis que poderiam ser causados ao meio ambiente natural, nos fez repensar o modelo.

    Felizmente, a introdução de conceitos de sustentabilidade no planejamento vem aos poucos melhorando os modelos de desenvolvimento e possibilitando a combinação do crescimento econômico à melhoria da qualidade de vida da população com a proteção e preservação dos recursos naturais.

    É importante, todavia, entender em que contexto geográfico nós atuamos no que diz respeito ao desenvolvimento das cidades e à preservação ambiental.

    Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a ocupação das áreas no território brasileiro divide-se da seguinte forma: as terras da União e as unidades de conservação ambiental representam 46,5% de todo território nacional; as reservas indígenas ocupam 14,7%; as áreas privadas utilizadas principalmente para atividades agropecuárias, 38,3%. Restam, portanto, 0,5% de todo território nacional para as áreas urbanizadas das cidades.

    Esse quadro nos mostra que temos 85% da população brasileira vivendo em somente 0,5% da área total do território nacional, e o imenso desafio de acomodar nesse espaço, da melhor forma possível, todas essas pessoas. Dessa forma, compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, nas áreas urbanas, torna-se cada dia mais relevante.

    Não é possível simplesmente bloquear o desenvolvimento econômico das cidades lastreado na necessidade da preservação ambiental urbana, e desconsiderar todos os efeitos que essa atitude causará na população local.

    As cidades se beneficiam da economia de escala gerada pelo agrupamento das pessoas, mas essa concentração gera também a necessidade de recursos financeiros e naturais, para construir a infraestrutura necessária à acomodação das pessoas com qualidade de vida no ambiente urbano.

    A avaliação ponderada entre as necessidades da população urbana e a imperiosa preservação dos recursos naturais certamente conduzirá a soluções capazes de tornar factível o desenvolvimento humano de forma sustentável.

    Os administradores municipais, os empresários, os órgãos ambientais e a sociedade, como um todo, devem conscientizar-se de que somente com o equilíbrio entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico, nosso País poderá oferecer à população as condições fundamentais para o crescimento compatível com o desenvolvimento humano desejável. Excessos, de um lado ou de outro, tornarão as cidades inviáveis.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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