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    Claudio Bernardes

    Planejamento urbano demanda por tecnologia e redes sociais

    17/10/2016 01h00

    Kevin David/Futura Press/Folhapress
    Trânsito intenso na Avenida 23 de Maio região Sul da cidade de São Paulo
    Trânsito intenso na Avenida 23 de Maio região Sul da cidade de São Paulo

    Demandas de todos os tipos, como habitação, transporte público, modelos de ocupação urbana, inclusão social, segurança pública, entre outros, fazem com que as cidades, cada vez mais, procurem trazer seus moradores para o processo de planejamento urbano.

    A população das cidades é composta por diversos grupos, com interesses distintos, e obtém informações de maneiras diferentes. Com o mundo em rápida transformação, é preciso ter ciência que os processos tradicionais para estimular a participação da sociedade tendem a ficar ineficientes.

    A tecnologia oferece novas oportunidades, maneiras rápidas e de baixo custo para compartilhar conhecimentos e estimular a participação dos cidadãos. Novas variações de audiências públicas e outras ferramentas de divulgação podem permitir a troca aprofundada de informações, que resultará em planos e projetos mais eficientes.

    Cada município pode ter necessidades e formas diferentes de se comunicar com os cidadãos. Algumas vezes, o objetivo pode ser simplesmente entender a aceitação de determinado serviço ou programa, outras, de reunir informações e opiniões e recrutar interessados para estudar determinados assuntos com sugestões e propostas.

    Na verdade, na busca por alternativas mais eficientes, será essencial o desenvolvimento de métodos inovadores para o engajamento da comunidade que envolvam novas tecnologias, redes sociais e processos de conscientização da comunidade.

    A cidade de Vancouver, no Canadá, empenha-se nessa direção, e algumas das ações ali desenvolvidas podem ser adotadas em outras localidades para melhorar o engajamento social.

    Uma delas é o chamado "walkshop". Mais do que um "tour" pela vizinhança, é uma forma de conversar com a região por meio de um passeio e uma análise orientada do entorno. Caminhando ou de bicicleta, esse modelo permite aos membros da comunidade e planejadores, juntos, compreender a vizinhança e suas características, documentar os ativos da região e discutir iniciativas para solucionar problemas específicos dos moradores.

    Outra ideia interessante usada exitosamente em São Paulo, por ocasião da formulação do Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo, é a participação popular pela internet. A consulta pública on-line, se for bem estruturada, principalmente do ponto de vista da catalogação e análise das sugestões, pode ser um dos processos mais democráticos e eficientes de participação popular na busca de soluções para os problemas das cidades.

    É importante também estimular a criatividade para identificar e solucionar, principalmente, dificuldades locais. Vancouver, por exemplo, utilizando-se de concursos e competições, estimula os cidadãos a apresentar ideias e soluções para questões que vão desde encontrar formas para lidar com moradores de rua até a adoção de usos alternativos para avenidas e viadutos.

    Um dos modelos de participação popular bastante utilizado no Brasil, porém de baixíssima eficiência, é a audiência pública. Se quisermos que essa ferramenta tenha resultados minimamente satisfatórios para atingir os objetivos a que se propõe, é necessário que sejam mais bem estruturadas. Elas devem ser conduzidas de forma objetiva, com planejamento, e por pessoas preparadas para lidar com situações emocionais geradas pelo conflito de interesses.

    Obviamente, nem todas as experiências de ampliação do engajamento da sociedade terão sucesso, mas é importante que o poder público e os planejadores estejam abertos a novas alternativas. Criatividade, credibilidade e, sobretudo, saber ouvir são aspectos fundamentais para estimular e envolver a comunidade no futuro das cidades.

    claudio bernardes

    É engenheiro civil e atua como empresário imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP. Escreve às segundas.

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